A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, atacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e críticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelas sucessivas falas contra o chefe da autoridade monetária.
Lula tem sido aconselhado por ministros e assessores a diminuir o tom das críticas a Campos Neto e à autonomia do Banco Central, que estaria influenciando na escalada do dólar que chegou ao recorde de R$ 5,66 em mais de dois anos. O mercado passou a colocar em dúvida a credibilidade da política fiscal do governo por causa das sucessivas críticas.
No entanto, Gleisi endureceu o discurso e atacou o mercado e os críticos do presidente. “Alguém poderia explicar por que dizer a verdade sobre os juros e o ataque ao real ‘ajuda os especuladores’? Quer dizer que o presidente da República tem de ficar caladinho enquanto essa turma avança sobre a moeda do país”, questionou (veja na íntegra).
Isso porque Lula afirmou na terça (2) que há um “jogo de interesse especulativo contra o real”, que fez a cotação do dólar disparar. Ele afirmou que Roberto Campos Neto atua politicamente na formulação da taxa básica de juros e que vai apresentar medidas para conter a alta da moeda.
Gleisi emendou a crítica e afirmou que “todos esses ‘especialistas’ sabem que a taxa Selic está artificialmente elevada, e muito, e que as razões da valorização do dólar estão lá fora, na economia dos EUA”.
“Caberia ao BC defender nossa moeda, mas essa instituição ‘autônoma’ nada faz porque seu comandante [Roberto Campos Neto] aposta na crise”, continou Gleisi nos ataques a Campos Neto.
Para a petista, há uma “reação coordenada e violenta” contra o presidente Lula, que “é um caso estarrecedor de inversão de responsabilidades”. “Lembra aquela história machista de culpar a mulher pelo estupro, porque ela usou saia curta. O que estamos assistindo no Brasil não é debate econômico. É política, com forte dose de preconceito”, completou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reunirá com ministros da equipe econômica no final da tarde desta quarta (3) para definir medidas que contenham a escalada do dólar e onde serão os cortes nos gastos do governo.
O encontro está confirmado para às 16h30 com a participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (Gestão em Serviços Públicos), Rui Costa (Casa Civil) e o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
A reunião foi confirmada por Lula na terça (2) após ele se dizer preocupado com a escalada do dólar. As sucessivas falas de Lula contra Campos Neto por conta da manutenção da taxa básica de juros a 10,5% geraram uma forte apreensão no mercado financeiro.
A apreensão também foi reforçada após Lula questionar a necessidade de se cortar gastos no governo, sinalizando que o ajuste fiscal poderia continuar em cima da arrecadação. Ele também negou que haverá qualquer desvinculação de benefícios com o salário mínimo, mas que pagamentos irregulares devem ser cortados após um pente-fino.
Haddad não concordou explicitamente com as falas de Lula, mas disse que há uma falha de comunicação, o que pode levá-lo a pedir ao presidente para conter as críticas que tem feito.
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