A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, voltou a defender que o governo não cumpra a meta de zerar o rombo das contas públicas no ano que vem como o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, está comprometido em fazer.
A divergência já vem sendo notada desde meados de outubro quando o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discordou de Haddad e disse que a meta de resultado primário “não precisa ser zero”, para se evitar o contingenciamento de recursos do orçamento.
Na semana passada, o Congresso aprovou a manutenção da meta mesmo sem o governo ter conseguido aprovar tudo o que precisava para alcançar os R$ 168 bilhões necessários – apenas pouco mais da metade disso está garantido.
Ainda fazendo as contas, Haddad deve apresentar novas medidas fiscais ainda nesta última semana do ano.
Apesar da crise entre Haddad e alas do PT, Gleisi defendeu que o governo tenha um déficit que, na visão dela, garanta um crescimento que alcance até 4%.
“O que eu disse é que se for preciso ter um pouco de déficit pra isso [crescimento] acontecer, eu não via problema. Aliás, falei com Haddad que a meta com que nós devíamos nos comprometer é a meta do crescimento econômico que, pra mim, no ano que vem, tinha que ser de, no mínimo, 4% que foi o que o governo Lula cresceu, em média, quando ele governou o país nos dois primeiros mandatos”, disse Gleisi em entrevista recente à GloboNews.
A defesa de um déficit fiscal frente à meta de zerar o rombo das contas públicas colocou Gleisi e Haddad em rota de colisão na própria convenção do PT em Brasília, no começo do mês. Ela defendeu um déficit de até 2%, enquanto que o ministro contrariou a necessidade de se fazer dívida para gerar crescimento.
Desde então, se fala nos bastidores que há uma crise interna clara no PT, o que Gleisi negou. “Nós não somos brigados, só temos divergências, o que é normal. O PT sempre foi um partido que fez debates”, completou.
Entre as vitórias de Haddad neste ano, estão a tributação dos fundos exclusivos, das offshores, das apostas online, a volta do “voto de qualidade” no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), entre outros. No entanto, os porcentuais aprovados pelos congressistas não foram exatamente os esperados pelo governo, o que deve levar o ministro a enviar novas medidas econômicas que podem atingir diretamente a arrecadação de impostos, que precisa ser definida de um ano para o outro para entrar em vigor.
Caso as medidas não gerem o efeito esperado, a meta fiscal deve ser revista em março, quando o governo terá o primeiro balanço da arrecadação do ano.
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