A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, atacou o empresário norte-americano Mark Zuckerberg pelas mudanças nas políticas de moderação de conteúdo nas redes sociais da Meta. Ela considera que ele agiu com “machismo e misoginia” ao reduzir os filtros sobre determinados temas em postagens no Facebook, Instagram e Threads.
A mudança foi anunciada na semana passada e fez o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagir e pedir explicações sobre a implantação da medida no Brasil. Em resposta, a Meta disse que as alterações já estão em vigor – e será alvo de uma audiência pública para discutir os efeitos jurídicos no país.
“É desolador para a humanidade ver que os controladores da mais avançada tecnologia de comunicação são trogloditas perigosos na vida real. A concentração de poder nas mãos dessa gente é uma ameaça que a sociedade e os governos democráticos precisam enfrentar com urgência”, disparou Gleisi em uma publicação nas redes sociais, em que ampliou a crítica também ao bilionário Elon Musk, da rede social X.
Gleisi Hoffmann emendou o ataque a “aliados” deles, sem citar nomes, afirmando que “estão se tornando verdadeiros ditadores, com seu falso discurso de defesa da liberdade”.
A petista afirma que Zuckerberg se aliou à extrema-direita “contra a democracia e a verdade nas redes” ao anunciar a redução dos filtros nas postagens e a suspensão do Programa de Verificação de Fatos inicialmente nos Estados Unidos. O mecanismo será substituído pelas chamadas “Notas da Comunidade”, em que os próprios usuários apontam possíveis erros nas postagens alheias.
Ela ainda comentou uma entrevista de Zuckerberg em um podcast norte-americano em que falou sobre as mudanças, declarando – na visão dela – “seu machismo e misoginia numa entrevista chocante”.
“Disse que as empresas precisam de ‘mais energia masculina’ e para cultuar ‘um pouco mais a agressividade’”, completou.
A crítica da presidente do PT é semelhante a de integrantes do governo, entre eles o próprio presidente Lula que se disse preocupado com as alterações, e do novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência, Sidônio Palmeira.
O agora ministro-marqueteiro considerou as mudanças da Meta como um “faroeste digital”.
“Medidas como as anunciadas recentemente pela Meta são ruins, porque afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional, promovendo um faroeste digital”, pontuou.
A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que as respostas dadas pela Meta sobre as alterações “causam grave preocupação” e podem “representar terreno fértil para violação da legislação e preceitos constitucionais que protegem direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
“As informações prestadas pela Meta também contrariam afirmações realizadas pela empresa em recentes manifestações proferidas no curso da discussão sobre o Marco Civil da Internet, no âmbito de processos em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF)”, continuou a AGU sobre as respostas da empresa.
Por outro lado, a Meta afirmou que as mudanças “visam a simplificar nossos sistemas para diminuir o exagero na aplicação de nossas políticas e reduzir erros”.
“Até agora, vínhamos usando sistemas automatizados para detectar violações a todas as políticas. Vamos concentrar o uso desses sistemas para lidar com violações de alta gravidade, como terrorismo, exploração sexual infantil, drogas, fraudes e golpes. Continuaremos também a utilizar os nossos sistemas automatizados para analisar conteúdos que incentivem o suicídio e a automutilação”, diz trecho da carta tornada pública pela AGU.
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