Ouça este conteúdo
O Google anunciou nesta sexta-feira (15) que, em função das eleições de 2022, vai passar a verificar os anunciantes que fizerem propaganda eleitoral em suas plataformas. A mudança nas regras já entrou em vigor, mas a verificação só será obrigatória a partir de 17 de novembro – por enquanto ela é voluntária.
“A verificação será necessária para todo anunciante que desejar promover ou incluir menção a partidos políticos, titulares de cargos eleitos, ou candidatos à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal, à Vice-Presidência e à Presidência”, explicou o Google em comunicado.
O objetivo, segundo a gigante da tecnologia, é proporcionar transparência e contexto aos anúncios eleitorais exibidos, disponibilizando periodicamente informações sobre quem pagou e quanto foi pago nessas propagandas.
Esses dados, que incluem também um repositório dos anúncios e critérios de segmentação, estarão disponíveis em um relatório que passará a ser divulgado a partir do primeiro semestre do ano que vem. “Nosso objetivo é tornar essas informações acessíveis e úteis para todos”, informou o Google, acrescentando que atualizações do material serão feitas frequentemente.
A empresa também afirmou que vai disponibilizar aos anunciantes políticos uma lista de boas práticas em publicidade digital e guias sobre as políticas de anúncios do Google, a fim de ajudá-los a se adaptar às novas regras.
A verificação de anunciantes eleitorais já foi implementada pelo Google em outros países, como Austrália, Estados Unidos, Índia, Reino Unido e membros da União Europeia.
Nos EUA, por exemplo, desde 31 de maio de 2018, foram identificados mais de 600 mil anúncios eleitorais, com o valor total de US$ 795 milhões. As campanhas do presidente Joe Biden e do ex-presidente Donald Trump gastaram, desde então, US$ 83 milhões, cada, em publicidade eleitoral no Google.
Como funciona o processo de verificação
De acordo com as políticas de verificação de publicidade eleitoral, o Google exige que todos os anúncios eleitorais exibam uma nota identificando quem pagou por eles. Para a maioria dos formatos, isso gera automaticamente uma declaração "Pago por", de acordo com as informações fornecidas durante o processo de verificação. No YouTube, por exemplo, a informação estará disponível na seção “Por que esse anúncio?” e na Pesquisa Google a declaração aparecerá diretamente no anúncio.
Para fazer a checagem, o Google vai analisar os documentos dos anunciantes políticos, sejam eles indivíduos ou organizações, para garantir quem está por trás da divulgação da publicidade. No caso de um partido, por exemplo, o anunciante precisa ser um representante autorizado da organização e informar, entre outras coisas, a identificação de cliente do Google Ads, o nome e o CNPJ do partido. Depois de verificados os dados da organização, uma segunda etapa tem como objetivo checar os dados de identidade do representante. Cada uma das etapas pode levar até cinco dias úteis. A solicitação de verificação é feita por meio de um formulário disponibilizado pela empresa.
O Google também fará uma avaliação de anúncios denunciados por más práticas, seguindo as políticas de publicidade da empresa já em vigência. Se o material violar as políticas ou termos e condições da empresa, o anúncio pode ser corrigido, removido ou as contas envolvidas podem ser suspensas em casos de violação grave. A companhia informou que não serão permitidas informações falsas, discurso de ódio e extremismo.
Outra regra implementada é que os anunciantes eleitorais não poderão segmentar os anúncios de acordo com inclinações ideológicas, a fim de evitar que uma pessoa veja propagandas de uma corrente política apenas. Segmentações por localização geográfica, idade e sexo serão permitidas.
Parcerias com jornalistas e o TSE
O Google também informou que vai continuar dando apoio financeiro ao Comprova, um consórcio formado por 33 veículos de imprensa que surgiu ainda nas eleições de 2018 e é dedicado à verificação de conteúdo compartilhado na internet.
Na mesma linha, a companhia está apoiando um curso online gratuito para jornalistas sobre verificação de conteúdos na internet, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Ainda como uma maneira de contribuir com a cobertura jornalística das eleições, o Google vai lançar um Google Trends específico para as eleições de 2022, um espaço atualizado em tempo real com as tendências de buscas relacionadas ao pleito.
Para facilitar respostas de dúvidas frequentes dos eleitores, o Google vai repetir uma parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que funcionou nas eleições municipais de 2020: os painéis “Como Votar” e “Dúvidas sobre o Título de Eleitor” vão aparecer diretamente na busca do Google. Na Google Play, a loja de aplicativos da empresa, conteúdos que busquem enganar o eleitor serão removidos. Aplicativos oficiais do TSE, como o e-Título, terão destaque na loja.
"Queremos trazer mais transparência à publicidade eleitoral, ajudar a conectar as pessoas a conteúdos úteis e relevantes sobre o pleito e combater a desinformação destacando conteúdo de qualidade", disse Karen Duque, gerente de políticas públicas e relações governamentais do Google Brasil.