Ministério da Justiça aponta que já foram apreendidos R$ 5,7 bilhões em bens de quadrilhas ligadas ao crime organizado.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O Ministério da Justiça e Segurança Pública oficializou nesta sexta (22) a criação de uma política pública legalizando a apreensão de bens de quadrilhas ligadas ao crime organizado. O Conselho Nacional de Recuperação de Ativos (Conara) já havia sido anunciado pelo ministro Flávio Dino na quinta (21).

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Segundo o ministro adiantou, o ministério conseguiu descapitalizar as quadrilhas em torno de R$ 5,7 bilhões neste ano até o mês de novembro, com a expectativa de chegar a R$ 6 bilhões até o encerramento de 2023.

De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU), o Conara será um órgão consultivo e permanente dos órgãos do ministério e ficará responsável por discutir e aprovar o Plano Nacional de Políticas sobre Recuperação de Ativos (veja na íntegra).

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Entre as definições do plano está a atuação junto a comitês interinstitucionais, acompanhar e propor projetos de leis, atuar perante outros órgãos públicos, entes privados e organismos internacionais, além de receber demandas da Rede Nacional de Recuperação de Ativos.

Segundo Dino, o objetivo do Conara é padronizar os processos de descapitalização de práticas ilegais, estabelecendo regras para todas as etapas envolvidas, desde a identificação até a destinação dos ativos.

“Sabemos que a forma mais efetiva de enfrentar grandes organizações criminosas é retirando seu poderio financeiro. Isso já é realizado no Brasil. No entanto, vemos a possibilidade de avançar e tornar ainda mais efetiva essa prática que fere letalmente grupos que têm no forte poderio financeiro a senha para seguir atacando a lei e o Estado brasileiro”, afirmou.

A justificativa para a criação da nova regra é estabelecer uma política pública integral dedicada à recuperação de bens e valores obtidos de forma ilegal pelo crime organizado, utilizados para avanço de práticas ilegais por esses grupos.

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O decreto de criação do Conara aponta que o colegiado terá competências abrangentes, incluindo a discussão e proposição do Plano Nacional de Políticas sobre Recuperação de Ativos, acompanhamento das diretrizes nacionais das políticas públicas, identificação e divulgação de boas práticas, articulação com outros órgãos colegiados, atuação perante órgãos públicos, entidades privadas e organismos internacionais, além de orientação sobre proposições legislativas relacionadas à recuperação de ativos.

O ministério afirmou que as ações relacionadas ao tema vêm sendo discutidas e implementadas no âmbito da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (Enccla). A pasta destacou que muitas das ações já adotadas no Brasil foram inspiradas por compromissos internacionais, demonstrando a importância da participação em uma ofensiva global contra grandes grupos que atuam de forma ilícita.

O conselho será composto pelo Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, que o presidirá, representantes de diversos órgãos e entidades, incluindo a Advocacia-Geral da União, Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público, entre outros. Cada membro terá um suplente, e o representante da Rede Nacional de Recuperação de Ativos será escolhido por eleição entre as unidades das Polícias Civis, com mandato de dois anos.

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As reuniões ordinárias do Conara ocorrerão semestralmente, com possibilidade de encontros extraordinários quando convocados pelo presidente ou requeridos por seus membros. A cidade de Brasília será o local principal das reuniões, podendo ser excepcionalmente realizadas em outro local a critério do plenário. O órgão contará com o apoio institucional, técnico e administrativo do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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A participação no Conara e em grupos de trabalho será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada. A medida, que reflete avanços no enfrentamento ao crime organizado, entra em vigor imediatamente.