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31 de março

Governo Bolsonaro comunica à ONU que golpe militar é ‘fake news’

Polícia do Exército em Brasília
Polícia do Exército em Brasília em outubro de 1966. Crédito: Arquivo Nacional, Correio da Manhã, PH FOT 01996.018. (Foto: 1992 ACCUSOFT INC, ALL RIGHTS RESERVED)

Em um telegrama confidencial enviado pelo Itamaraty nesta quarta-feira (3) à ONU, o governo Bolsonaro afirmou que “não houve golpe de Estado” no dia 31 de março de 1964. A informação é da BBC Brasil, que teve acesso ao conteúdo integral do telegrama.

A mensagem foi endereçada a Fabian Salvioli, relator especial da ONU sobre Promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de Não Repetição.

A carta é uma resposta a Salviole, que na última sexta-feira (29) classificou os planos de comemoração de 31 de março como “tentativas de revisar a história e justificar ou relevar graves violações de direitos humanos do passado devem ser claramente rejeitadas por todas as autoridades e pela sociedade como um todo".

A mensagem do relator da ONU foi enviada quatro dias após a divulgação, através do porta-voz da Presidência, general Otávio Santana do Rêgo Barros, de que Bolsonaro incentivaria celebrações em quartéis para marcar a data de início do regime militar. No dia 28, o governo mudou o tom e o presidente diz que a ideia seria rememorar, e não comemorar o golpe de 1964.

Para o argentino, as celebrações são “imorais e inadmissíveis”. Contudo, o governo rebateu no telegrama, afirmando que o governo militar teria sido necessário à necessidade do governo "para afastar a crescente ameaça de uma tomada comunista do Brasil e garantir a preservação das instituições nacionais, no contexto da Guerra Fria".

Discussão por telegrama

No último dia 29 de abril, Fabian Salvioli classificou os crimes cometidos na ditadura como horrendos. “Comemorar o aniversário de um regime que trouxe tamanho sofrimento à população brasileira é imoral e inadmissível em uma sociedade baseada no Estado de Direito. As autoridades têm a obrigação de garantir que tais crimes horrendos nunca sejam esquecidos, distorcidos ou deixados impunes", escreveu Salvioli.

Nesta quarta-feira (3), o governo classificou as críticas como “sem fundamentos.”. [Fabian Salvioli] deve respeitar os processos nacionais e procedimentos internos em suas deliberações", teria escrito o Itamaraty, na carta obtida pela BBC.

Comemorações proibidas

Também na última sexta-feira (29), a juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, acatou um pedido de liminar da Defensoria Pública da União e determinou a proibição de que o governo realize a comemoração do aniversário de 55 anos do golpe militar de 1964.

A liminar foi caçada no sábado pela desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Veja aqui a matéria da BBC Brasil.

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