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A demissão do superministro Sergio Moro completa uma lista com oito trocas ministeriais na gestão Jair Bolsonaro, há um ano e quatro meses no cargo de presidente da República. A mais recente foi há apenas 9 dias, quando o desgaste da relação levou à saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, em meio à pandemia do novo coronavírus. Embora o lapso de tempo entre as duas demissões seja curto, na média acontecesse uma substituição no primeiro escalão do governo federal a cada dois meses. Acompanhe a linha do tempo:
- O primeiro a deixar o cargo foi Gustavo Bebianno, aliado muito próximo durante a campanha eleitoral e que ocupou o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele caiu em 18 de fevereiro de 2019, bem no início do governo, e Jair Bolsonaro alegou a troca foi motivada por incompreensões entre as partes. Um general da reserva, Floriano Peixoto Neto, assumiu o posto. Quase um ano depois, Bebianno morreu de infarto.
- Depois de muitas declarações polêmicas e desentendimentos dentro da equipe, Ricardo Veléz Rodriguez foi convidado a se retirar do Ministério da Educação em 8 de abril de 2019. No lugar assumiu o também polêmico Abraham Weintraub.
- Dois meses depois, seguindo o ritmo de trocas, foi a vez do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, desembarcar da gestão Bolsonaro, em junho de 2019. Foi trocado por um também militar, o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira.
- Poucos dias depois houve a segunda substituição na Secretaria-Geral da Presidência. O general Floriano Peixoto Vieira Neto, que havia assumido no lugar de Bebbiano quatro meses antes, foi transferido para a presidência dos Correios. Outro militar, o major Jorge Antônio de Oliveira Francisco, foi alçado ao posto.
- Foi então que se estabeleceu o maior intervalo sem trocas, até que nove meses depois, em 6 de fevereiro de 2020, Gustavo Canuto deixou o Ministério do Desenvolvimento Regional e foi para a presidência do Dataprev. No lugar dele entrou Rogério Marinho.
- Ainda em fevereiro, houve a maior troca de cadeiras. Osmar Terra foi substituído no Ministério da Cidadania por Onyx Lorenzoni, que por sua vez deixou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, assumido pelo general Walter Souza Braga Netto.
- Foi em meados de abril, depois de várias ameaças e tentativas de conversas conciliadoras, que a situação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde ficou insustentável. A demissão chegou a ser dada como certa dias antes e até mesmo as gavetas do ministro já tinham sido esvaziadas, mas a confirmação veio em 16 de abril. O substituto é o também médico Nelson Teich.
- Depois de um dia de tensão e tentativas de evitar a saída, por causa de divergências sobre a Polícia Federal, no dia 24 de abril aconteceu o maior baque ministerial de Bolsonaro, quando Sergio Moro anunciou que deixaria o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao contrário dos demais, que foram demitidos, ele pediu para sair. E desembarcou do governo em clima beligerante, com ataques à gestão.
Houve ainda trocas polêmicas em outros escalões, como a saída de Roberto Alvim e a entrada de Regina Duarte, em janeiro, na Secretaria Especial de Cultura, o convite para Sergio Nascimento de Camargo na Fundação Palmares e demissão de Ricardo Galvão do Inpe, depois de embates sobre dados de desmatamento na Amazônia. Só nos primeiros seis meses de gestão foram 30 trocas em diversos comandos, incluindo Joaquim Levy da presidência do BNDES.