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O chanceler russo Sergei Lavrov (à esq.) e o ministro de relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, discutiram a possibilidade do Brasil ter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU
O chanceler russo Sergei Lavrov (à esq.) e o ministro de relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, discutiram a possibilidade do Brasil ter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU| Foto: EFE

Jornalistas brasileiros foram mantidos a dez metros de distância e impedidos de fazer perguntas ao chanceler russo Sergei Lavrov durante sua visita ao Brasil na segunda-feira (17). O russo fez um discurso sem ser contestado, no qual espalhou informações falsas e tentou agradar o governo brasileiro com a promessa de uma improvável cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Lavrov fez um pronunciamento em um auditório no Palácio do Itamaraty. O chanceler se posicionou no palco, junto com o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira. Nas primeiras filas estavam membros da comitiva de Lavrov, que tinha mais de uma dezena de agentes do FSB, Federal Security Service (Serviço Federal de Segurança da Federação Russa), órgão originado da antiga KGB.

Em seguida foram posicionados os cinegrafistas da imprensa, formando uma barreira nada usual para esse tipo de evento. Só por último foram colocados os jornalistas. Um funcionário do palácio disse que não seria permitido fazer perguntas ao russo. A penalidade seria não poder mais ter acesso a entrevistas e eventos futuros do Itamaraty. A assessoria de imprensa da pasta tem o costume de escolher apenas alguns poucos jornalistas que recebem credenciais de acesso.

A prática de autoridades realizarem pronunciamentos à imprensa, sem possibilidade de perguntas, por vezes ocorre no Brasil. Os profissionais de imprensa usam o bom senso para lidar com cada situação.

No caso de Lavrov, a impossibilidade de questionamentos imposta pelo Itamaraty prejudicou o trabalho da imprensa livre. O chanceler é representante de uma nação que invadiu militarmente um país vizinho sem ter sofrido qualquer ataque. Mas, ele afirmou que o Kremlin estaria trabalhando para criar "uma ordem mundial mais justa e correta, se baseando no direito".

Lavrov também mentiu ao tentar justificar a invasão dizendo que os ucranianos estariam queimando livros em russo, em uma suposta tentativa de apagar a cultura russa. Após passar pelo Brasil, o chanceler tem agenda nas ditaduras da Venezuela, Cuba e Nicarágua.

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