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O Ministério dos Direitos Humanos exonerou, nesta quinta-feira (19), o secretário da Criança e do Adolescente, Cláudio Augusto Vieira da Silva, que é acusado de suposto assédio moral. Ele nega qualquer irregularidade.
A demissão foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e publicada no Diário Oficial da União (DOU). Em 9 de agosto, a pasta recebeu uma denúncia anônima relatando 14 condutas de assédio moral contra subordinados por parte do então secretário.
Três dias antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia demitido o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, acusado de suposto assédio sexual. O então ministro foi o responsável pela nomeação de Vieira em maio de 2023.
No último dia 12, o jornal Brasil de Fato revelou o caso após ter acesso ao documento protocolado por servidores. Vieira já tinha sido alvo de uma primeira denúncia, durante a gestão de Almeida, mas o caso foi arquivado por falta de provas.
A partir das novas acusações, a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, determinou a apuração do caso e exonerou o secretário. Segundo os relatos, Vieira os supostos episódios de assédio moral teriam acontecido contra subordinados, muitas vezes contra mulheres.
No documento, são citadas situações de ameaças públicas de exoneração, constrangimento, desqualificação de funcionários, impedimento de mulheres se pronunciarem em reuniões, críticas e piadas sobre servidoras que estavam em licença-maternidade.
Ex-secretário disse que soube das acusações pela imprensa
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Vieira negou qualquer irregularidade em sua conduta e disse que soube das acusações pela imprensa. “O que posso garantir e garanto a todos: não há uma vírgula do que eu li na imprensa que tenha a mínima verdade. Não tem fundamento nenhuma dessas coisas que li”, disse o ex-secretário.
A denúncia aponta que, além dos relatos das supostas vítimas, existem registros internos e mensagens trocadas com o secretário, mas não há vídeos das ações, segundo apuração da Folha.
“Tais ações têm sido tratadas como ‘brincadeiras’ e ‘modo de gestão’. Neste sentido, é importante afirmar que não se tratam nem de brincadeiras e nem de estilo de gestão, mas sim de práticas de assédio moral no ambiente de trabalho”, diz um trecho da denúncia.