O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu nesta terça-feira (28) que a deportação de brasileiros pelos Estados Unidos deve atender a “requisitos mínimos de dignidade”. O chanceler descartou o uso de voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriação. A declaração ocorreu após uma reunião convocada pelo presidente Lula (PT) para tratar do tema.
Vieira disse que um dos objetivos do encontro foi estabelecer uma forma para discutir com as autoridades americanas que as deportações “sejam feitas atendendo a requisitos mínimos de dignidade, respeito aos direitos humanos e atenção aos passageiros numa viagem dessa extensão”.
No último final de semana, 88 deportados desembarcaram em Manaus (AM) algemados nas mãos e nos pés. O grupo reclamou das condições da viagem, apontando pane no ar-condicionado, entre outros problemas. O voo tinha como destino final o Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG). A FAB fez o deslocamento dos repatriados até Minas.
O chanceler destacou que os repatriados não podem permanecer algemados em solo brasileiro. “Essa operação [do final de semana] foi trágica justamente por uma questão de um defeito no avião, um problema no ar-condicionado”, destacou.
“[A situação] nos faz agora trabalhar para, junto com as autoridades americanas, procurar formas para fazer um acordo com a legislação brasileira e também com as normas de segurança e acolhimento dentro de uma aeronave”, acrescentou.
Ministra anuncia centro de acolhimento para deportados
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, anunciou a criação de um centro de acolhimento aos repatriados em Minas Gerais. “Conversamos com o presidente e fomos autorizados a iniciar as tratativas para estabelecer em Confins (MG) um posto de acolhimento humanitário… Vamos trabalhar para garantir que as famílias não venham separadas e que esses passageiros tenham boas condições de água, alimentação e temperatura [durante o voo]”, disse.
Macaé destacou que o governo buscará realocar esses brasileiros no mercado de trabalho. Segundo a ministra, o governo recebeu “sinalizações” de empresas que têm interesse em empregar os repatriados. Ela não citou quais empresas já demonstraram interesse em participar da iniciativa.
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