O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: enquanto governo defendia proteínas de fora da cesta básica isenta de impostos, Lula propunha exceção para carnes mais baratas.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Em uma clara manobra para inverter a narrativa dos fatos, o governo tentou, um dia após a aprovação da regulamentação da reforma tributária na Câmara, capitalizar a inclusão das proteínas animais na cesta básica isenta de impostos como uma conquista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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As carnes não estavam incluídas na lista de produtos isentos no texto original da reforma proposto pela equipe econômica. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em um vídeo gravado ao lado da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, e divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (11), afirmou que a inclusão foi uma "vitória" do presidente.

Haddad tentou ocultar o fato de que a inclusão das proteínas animais foi uma proposta da bancada do PL, alegando que a decisão foi fruto de um acordo entre todos os líderes partidários, com o apoio do governo. Ele também destacou que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro votou inicialmente contra o texto-base da regulamentação da reforma.

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As propostas da Fazenda e do grupo de trabalho da Câmara não contemplavam essa inclusão da carne, que foi defendida ostensivamente pela bancada do agronegócio.

“Mesmo o PL, que votou contra a reforma tributária. Eles estão fazendo uma campanha contra a reforma numa linha de retrocesso e não modernidade. Conseguimos vencer a oposição e colocamos a carne na cesta básica”, disse Haddad.

No entanto, quando o relator do projeto, Reginaldo Lopes (PT-MG), anunciou que acataria a inclusão da carne no parecer, o texto já havia sido votado e aprovado.

A comemoração de Haddad contrasta com o trabalho da equipe econômica, que sempre se colocou contrária à alíquota zero para todo tipo de carne, além de peixes, por causa do impacto que o regime de exceções traria no percentual padrão do Imposto sobre Valor Agregado (IVA).

Em entrevistas e discursos, Lula havia ponderado apenas sobre a possibilidade de desonerar um grupo de proteínas mais consumidas pelas camadas mais pobres da população, como frango e ovo.

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“O acesso à proteína animal tem que ser garantido para todos”, disse Haddad no vídeo, apesar de sua pasta ter tentado barrar essa iniciativa. Os técnicos da Fazenda estimam que a isenção total elevaria a alíquota padrão do IVA de 26,5% para 27,1%.

O placar de 477 votos a favor da emenda do PL, com apenas três votos contra, despertou uma “guerra de narrativas” em torno da paternidade da isenção da carne.

Os deputados da oposição defendem que a desoneração foi uma conquista do PL e que os governistas recuaram quando viram que o destaque passaria com ampla folga.

Deputados de esquerda e ligados ao governo, entretanto, buscaram enaltecer Lula. Segundo eles, a alíquota zero para as carnes foi uma conquista do petista.