Jair Bolsonaro, presidente da República, tem novo Bolsa Família, vacinação em massa e aprovação das reformas como principais estratégias para superar o atual momento político| Foto: Marcos Corrêa/PR
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Alvo da CPI da Covid, com a aprovação nos patamares mais baixos de sua gestão e vendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula na Silva (PT) com força nas pesquisas eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro e o governo federal apostam em três frentes para contornar o momento político desfavorável: a aprovação das reformas econômicas, a vacinação em massa e uma reforma do Bolsa Família.

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A expectativa do Palácio do Planalto é de que, com essas três frentes, o governo consiga reduzir a rejeição e ampliar seus índices de aprovação à medida em que puxa parte dos "indecisos" nas pesquisas. O último Datafolha mostra que, espontaneamente, 49% dos eleitores disseram não preferir nenhum candidato em específico.

O governo identifica que boa parte desses 49% de indecisos é composta pelo eleitor de centro. Alguns aliados de Bolsonaro tentam convencê-lo a flexibilizar o discurso para captar um percentual maior desse eleitorado.

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Outros, contudo, ponderam que não se trata de um grupo suscetível a discursos ideológicos, mas à economia. Ou seja, ainda que o governo siga acuado pela CPI da Covid, a avaliação feita no Planalto é de que, com a vacinação em massa, a aprovação das reformas e um novo Bolsa Família, será possível ampliar a popularidade de Bolsonaro para as eleições de 2022.

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Novo Bolsa Família? O que o governo debate sobre a política social

A discussão de um novo programa de distribuição de renda não é nova. Em 2020, o governo quis lançar o Renda Brasil em substituição ao Bolsa Família, mas não encontrou fontes de recursos para financiar o programa.

Interlocutores do governo reconhecem que, com Lula como possível principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022, o governo intensificou os debates para viabilizar uma ampliação do programa de transferência de renda.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse recentemente ao portal G1 que Bolsonaro vai lançar um "programa social muito robusto em julho, para começar a valer em agosto". A data coincide com o fim dos pagamentos da nova rodada do auxílio emergencial e vai contar com recursos do orçamento do Bolsa Família, de R$ 35 bilhões.

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As discussões sobre a "nova versão" do Bolsa Família, como relatou Bezerra, foram confirmadas por fontes do Planalto e do Ministério da Economia à Gazeta do Povo. Diferentemente do Renda Brasil, que foi capitaneado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o novo programa é construído pela equipe do ministro da Cidadania, João Roma. A equipe econômica é ouvida sobre a questão orçamentária do novo programa. Mas o modelo vai ser definido por Roma.

"A ele [Roma], cabe estabelecer essa política social. Nós propomos lá atrás, que seria tornar mais robusto o Bolsa Família através da aglutinação dos vários programas existentes", diz um interlocutor de Guedes. "Mas foi barrado pelo próprio presidente", acrescenta.

Os detalhes orçamentários de como financiar a ampliação do Bolsa Família ainda não estão fechados. "Vai ser um programa perene ou mais uma ação emergencial? Se é emergencial, vamos arrumar verbas extraordinárias fora do teto [por meio de crédito extraordinário, destinado a despesas urgentes]", diz um assessor. "Se ele é permanente, tem que racionalizar dentro do Orçamento."

Governo quer acertar com a vacinação contra a Covid

Além do novo Bolsa Família, a vacinação contra a Covid-19 também é considerada prioritária pelo governo para reverter o cenário atual. A ideia é que, com uma ampla imunização sobre a população, a retomada econômica traga as respostas políticas e eleitorais esperadas para 2022.

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"Esse Bolsa Família mais robusto é apenas um reforço às estratégias. Nosso grande programa social se chama geração de emprego e renda, que é a retomada da economia. E depende, basicamente, da vacinação em massa para começar a soltar o povo [ao acabar com as medidas restritivas]", diz um assessor da equipe econômica.

Na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a assinatura de contrato com Pfizer para a compra de 100 milhões de doses. Além da vacinação, o Ministério da Saúde também trabalha com campanha de testagem em massa contra a Covid-19.

Reformas e demais políticas públicas: a aposta do Planalto

A aprovação das reformas também aparece no conjunto de estratégias para 2022, embora não seja algo novo. Ainda no início do ano, o Planalto se empenhou para emplacar aliados nas presidências da Câmara e Senado. Com isso, o governo acreditava ser possível aprovar as reformas de forma mais rápida.

O governo quer agora cobrar a "fatura" do apoio de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, para colocar em votação as reformas administrativa e tributária. A avaliação é que essas reformas podem melhorar o ambiente de negócios e ter impactos econômicos positivos no ano que vem.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, lideram as articulações para aprovar não apenas as reformas econômicas, mas também, os projetos de privatização dos Correios e da Eletrobrás.

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As propostas de desestatização das estatais são, contudo, mais complexas. Até por isso, aprovar a reforma tributária é encarado como uma "obrigação".

"É um reforço imprescindível para o país e, claro, para o fortalecimento do governo. Desde o início, o Guedes sempre bateu na 'tecla' de tratar de forma fatiada [a reforma tributária], começando pelos impostos federais. Vamos começar pela simplificação, como fusão do PIS e Cofins, o maior foco de judicialização das ações tributárias no contencioso tributário", diz um interlocutor do Planalto.

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Outros ministérios fazem parte da estratégia do governo

Um segundo interlocutor palaciano destaca que as estratégias do governo são "nacionais", não se tratando apenas de uma pasta ou outra. "Tem o novo programa social, que vai mostrar que o presidente cuida do povo. Mas também tem várias atuações das secretarias que cuidam de povos tradicionais, da igualdade racial", diz.

"Cada ministério tem feito alguma coisa. O [ministro da Infraestrutura] Tarcísio [de Freitas] tem entregado obras, o Rogério Marinho [ministro do Desenvolvimento Regional] também, pare que o presidente esteja em vários locais, especialmente no Nordeste, onde precisa crescer", acrescenta o assessor.

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