O governo de Jair Bolsonaro estuda autorizar uma nova rodada de saques de contas inativas do FGTS, a exemplo do que foi feito na gestão de Michel Temer, e melhorar a rentabilidade das contas – que hoje é de 3% ao ano mais a TR (que está zerada), mais uma cota do lucro que o Fundo de Garantia obtém ao aplicar os recursos dos trabalhadores.
Na quinta (9), em evento na sede do BNDES no Rio de Janeiro, o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues Júnior afirmou que "o FGTS vai sofrer reformatações, incluindo mudanças em sua governança, gestão e rentabilidade", conforme reportagem de "O Globo".
O secretário observou que a atual rentabilidade do Fundo perde para a inflação, o que significa que é negativa em termos reais. "Funciona como um imposto sobre o cidadão, em vez de ajudá-lo", disse.
Embora o FGTS tenha perdido para a inflação em várias ocasiões, em 2016 e 2017 seu rendimento ficou acima tanto do IPCA quanto do INPC. Em 2016, as contas dos cotistas foram corrigidas em 7,14%, ante IPCA de 6,28% e INPC de 6,58%. No ano seguinte, o rendimento foi de 5,59%, novamente acima de IPCA (2,95%) e INPC (2,07%). Colaborou para isso o fato de que o FGTS passou a compartilhar com os cotistas metade do lucro anual do Fundo.
Elevar o rendimento do FGTS, no entanto, significa encarecer os empréstimos para habitação que são feitos com recursos do Fundo. Por isso, a hipótese de mexer nessa remuneração sempre teve forte oposição do setor da construção civil.
Também está em estudo, segundo Waldery, permitir que outros bancos públicos e privados participem da gestão do FGTS, que hoje é um monopólio da Caixa Econômica. A Caixa recebe 5% do patrimônio do Fundo por ano para gerir as contas.
Novas chances para sacar o FGTS
Em 2017, 25,9 milhões de trabalhadores puderam sacar um total de R$ 44,4 bilhões que estavam parados em suas contas inativas – aquelas vinculadas a antigos contratos de trabalho e cujos recursos não foram sacados, em geral porque o profissional pediu demissão.
Repetir essa medida é uma das medidas em estudo no governo, como forma da impulsionar a economia, que dá sinais de desaceleração. O saque autorizado na gestão de Temer envolvia valores depositados até o fim de 2015. Estender a possibilidade para valores até o fim de 2018 representaria a liberação de aproximadamente R$ 15 bilhões, segundo cálculo feito para o "Estado de S. Paulo" por Marcos Ferrari, ex-secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos do Ministério do Planejamento.
Outra possibilidade é ampliar as possibilidades "normais" de saque do FGTS – hoje o trabalhador pode resgatar os recursos do Fundo quando é demitido sem justa causa, na aposentadoria, em caso de doença grave ou desastre natural ou para compra e amortização da casa própria, entre outras possibilidades.
Em entrevista ao "Estado de S. Paulo" na noite de quinta, Waldery afirmou que não havia a intenção de liberar recursos do Fundo. Pela manhã, no entanto, em entrevista coletiva no Rio, ele havia afirmado que "sim, também, estamos estudando a questão de saque", ao responder pergunta sobre o FGTS.
"Existem diversas formas de saque. Isso vai exigir mudança da lei. Por isso mesmo, queremos fazer de forma bem pensada, amadurecida. Estamos dialogando diuturnamente com o Congresso", acrescentou o secretário.
PIS/Pasep: liberação de R$ 22 bilhões
Além das medidas estudadas para o FGTS, Waldery confirmou que o governo vai reabrir a autorização de saques do PIS/Pasep. Hoje eles são limitados a quem tem 60 anos ou mais. O governo Temer também havia feito esse tipo de liberação.
A ideia é pôr na mão dos cotistas o dinheiro que está parado no PIS/Pasep. É outra forma de tentar impulsionar o consumo e fazer a atividade econômica caminhar. Segundo Waldery, até R$ 22 bilhões podem ser liberados.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF