O governo federal injetou R$ 190 bilhões em suas estatais nos últimos dez anos, seja na forma de subvenção ou de aporte financeiro. A maior parte do dinheiro – R$ 160 bilhões – foi destinada para manutenção das estatais dependentes, ou seja, aquelas empresas que não geram receita suficiente para bancar suas despesas e precisam do socorro da União. O restante – R$ 30 bilhões – foi injetado nas demais empresas públicas federais para aumento de capital ou investimentos.
A título de comparação, o valor destinado às estatais entre 2009 e 2018 equivale a pouco menos que desembolsado com o programa Bolsa Família no período (R$ 216 bilhões). Supera com folga todo o investimento feito pelo Ministério dos Transportes (R$ 110 bilhões) na mesma década, e corresponde a mais que o dobro da verba destinada ao Minha Casa Minha Vida (R$ 91 bilhões).
Ao todo, 35 estatais receberam os R$ 190 bilhões distribuídos pelo governo entre 2009 e 2018, segundo dados apurados com exclusividade pela Gazeta do Povo. São 18 estatais dependentes que receberam subvenção do Tesouro e 17 independentes que receberam aportes financeiros do governo nesse período.
INFOGRÁFICO: Confira quanto cada estatal recebeu do governo
As 35 empresas são estatais de controle direto da União, ou seja, o governo é o dono delas. Atualmente, o governo tem 46 estatais de controle direito. Somente 11 não receberam dinheiro público nos últimos dez anos.
Quem mais recebeu dinheiro
A estatal que mais recebeu dinheiro da União foi a Embrapa, de pesquisa e desenvolvimento na área da agropecuária. Ela recebeu uma subvenção de R$ 32 bilhões, em valores arredondados. Na segunda colocação está a Valec, a estatal criada para construir e administrar rodovias. A empresa recebeu R$ 22,7 bilhões em dez anos.
Em terceiro lugar ficou a Conab, de gestão da política agrícola, que recebeu cerca de R$ 22,3 bilhões. Logo depois aparece a Ebserh, estatal criada durante o governo Dilma Rousseff para gerir os hospitais universitários. A empresa recebeu R$ 14,7 bilhões da União.
As quatro primeiras colocadas são estatais dependentes do Tesouro. A quinta colocada é uma empresa que, teoricamente, não depende de recursos públicos, mas é uma das campeãs em receber aportes do governo. Trata-se da Infraero, que recebeu R$ 14 bilhões nos últimos dez anos.
Privatização
Das 35 estatais que receberam R$ 190 bilhões nos últimos dez anos, dez estão na lista para privatização. São elas: Eletrobras, Telebras, Ceagesp, ABGF, CBTU, Serpro, Ceitec, Codesp, Codesa e Trensurb.
Dessas, duas já têm prazo para serem privatizadas: a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb). O governo fará o leilão da Trensurb no 2º semestre de 2021 e o da CBTU, no primeiro semestre em 2022.
O modelo escolhido foi descentralizar a gestão dessas estatais para os governos estaduais e, depois, fazer a concessão dos serviços à iniciativa privada. Com isso, o governo federal deixa de ser o dono dessas empresas e passa a titularidade para os governos estaduais, que, por sua vez, concedem os serviços a uma empresa privada. O processo de descentralização e concessão será feito comitantemente. O BNDES é quem vai estruturar a concessão.
As demais companhias até podem ser vendidas ou fechadas antes, mas isso vai depender do andamento do trabalho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) e do BNDES. A Eletrobras é a única da lista que vai precisar do aval do Congresso para ser privatizada. O governo tinha se comprometido a enviar o projeto neste mês, o que não ocorreu até o fechamento desta reportagem.
Quanto cada estatal recebeu
Confira quanto cada estatal recebeu do governo, seja na forma de subvenção (caso das estatais dependentes) ou de aporte financeiro (estatais independentes):
PT se une a socialistas americanos para criticar eleições nos EUA: “É um teatro”
Os efeitos de uma possível vitória de Trump sobre o Judiciário brasileiro
Ódio do bem: como o novo livro de Felipe Neto combate, mas prega o ódio. Acompanhe o Sem Rodeios
Brasil na contramão: juros sobem aqui e caem no resto da América Latina
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF