A pandemia do novo coronavírus obrigou o governo federal a buscar, de forma mais ágil, soluções tecnológicas para prestar serviços aos cidadãos. O maior exemplo foi o aplicativo para o requerimento do auxílio emergencial de R$ 600. Em 30 dias, a Secretaria de Governo Digital, vinculada ao Ministério da Economia, teve que desenvolver uma ferramenta que permitisse a realização de cadastros, o cruzamento de dados e até o pagamento do benefício por meio de contas digitais.
"A pandemia exigiu que o governo se adaptasse rapidamente, já que o digital passou de uma alternativa à única forma de atender o cidadão", diz o secretário de Governo Digital, Luis Felipe Monteiro.
Por meio da ferramenta, 50 milhões de pessoas puderam receber o auxílio. E, mesmo com o pouco tempo de existência, o sistema para realização do cadastro do auxílio emergencial se tornou o segundo serviço mais acessado do portal gov.br, que reúne todos os serviços digitais do governo. A ferramenta perde, apenas, para a inscrição no Cadastro Único de Programas Sociais do Executivo.
"Soluções digitais não são infalíveis", diz secretário
A velocidade com que o sistema foi implementado, entretanto, não impediu que a ferramenta do auxílio emergencial tivesse problemas técnicos. Desde que o aplicativo foi lançado, alguns usuários reclamam do longo tempo de espera na chamada "fila virtual" e de erros no processo de cadastro.
As dificuldades se refletiram em algumas agências da Caixa Econômica Federal pelo país: sem conseguir se cadastrar pela internet, cidadãos foram buscar atendimento pessoalmente no banco, formando aglomerações e se colocando em risco por conta do novo coronavírus.
"As soluções digitais não são infalíveis, ainda mais em um país continental como o nosso, que tem características tão diversas. A gente sabia quais eram os riscos que estavam sendo assumidos, do ponto de vista da tecnologia, e buscamos tomar decisões rápidas para tratar os problemas imediatamente", garante o secretário.
Segundo ele, no início do funcionamento do aplicativo houve maior instabilidade, por conta da grande quantidade de dados. "Mais de 100 milhões de cadastros foram processados. É muito maior do que tudo que se possa imaginar em termos de base de dados", afirma Monteiro.
Desigualdade de acesso à internet persiste
O caso do auxílio emergencial também escancarou a desigualdade de acesso à internet, que ainda persiste no país. A última edição da pesquisa TIC Domicílios, lançada em 26 de maio pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), aponta que um quarto da população do país segue desconectado, mesmo com o avanço da inclusão tecnológica. São 47 milhões de pessoas que não têm acesso à internet.
Segundo a pesquisa, entre os que têm acesso à rede, o celular é o principal dispositivo utilizado para o acesso (99%). No caso das residências, mais de 20 milhões não têm conexão com a internet. Os mais afetados são os domicílios do Nordeste (35%) e das famílias que ganham até um salário mínimo (45%).
No caso do auxílio emergencial, a avaliação é de que houve uma mistura de fatores para fazer com que parte da população fosse às agências. Nem todos eram excluídos digitais: algumas pessoas que foram até o banco, por exemplo, queriam sacar o valor do benefício.
Governo federal quer que todos os serviços sejam digitais até 2022
O fato é que o cadastramento do auxílio emergencial possibilitou, também, que o governo conhecesse mais detalhes sobre a vida de alguns brasileiros. Mesmo que tivessem CPF, esses cidadãos não tiveram emprego formal e, por isso, não tinham informações sobre ocupação cadastradas nos bancos governamentais.
A maior procura pelos serviços digitais, impulsionada pela pandemia, fica clara no número de acessos ao portal gov.br. Em janeiro, foram 4,6 milhões de usuários; em fevereiro, 4,1 milhões; em março, 6,7 milhões; e, em abril, 14 milhões – um salto de 108% em apenas um mês.
Paralelamente ao aumento dos acessos, o governo caminha para digitalizar todos os aproximadamente 3,5 mil serviços prestados ao cidadão. Neste mês, o Executivo atingiu a marca de 700 serviços digitalizados. A meta é ter mil até o final deste ano, e concluir a transição até 2022.
A crescente migração para plataformas digitais representa, também, uma economia para o poder público. De acordo com Monteiro, a transformação dos 700 serviços já contabilizados poupa R$ 2,2 bilhões por ano ao Executivo.
"Sabemos que temos muito o que fazer. O importante é que o cidadão nos provoque e nos ajude a saber rapidamente o que não está legal, para que os times de tecnologia corrijam e tenham a melhor solução para o cidadão", conclui o secretário.
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