O Ministério das Relações Exteriores divulgou, nesta sexta-feira (29), nota em que expressa preocupação com demonstrações militares na região de Essequibo. No comunicado, o Itamaraty cita que tais movimentações são contrárias aos compromissos assumidos pelos governos da Venezuela e da Guiana no dia 14 de dezembro.
Apesar disso, a nota do governo não menciona de forma clara que as demonstrações militares são iniciativa da Venezuela, comandada pelo ditador Nicolás Maduro, que é aliado do presidente Lula (PT). Nesta quinta-feira (28), Maduro decidiu romper trégua firmada entre os dois países e iniciou exercícios militares na região de Essequibo, que a ditadura venezuelana busca anexar para si – o território representa 74% do território guianense.
“O governo brasileiro acompanha com preocupação os últimos desdobramentos do contencioso em torno da região de Essequibo”, afirma a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, para em seguida citar a “Declaração de Argyle para o Diálogo e a Paz”, assinada por Guiana e Venezuela semanas atrás.
“A declaração estabeleceu o compromisso de Guiana e Venezuela de não utilização da força ou da ameaça do uso da força, de respeito ao direito internacional e de comprometimento com a integração regional e a unidade da América Latina e o Caribe. Os dois países concordaram, ademais, em cooperar para evitar incidentes no terreno e medidas unilaterais que possam levar a uma escalada da situação”, diz a nota.
“O governo brasileiro acredita que demonstrações militares de apoio a qualquer das partes devem ser evitadas, a fim de que o processo de diálogo ora em curso possa produzir resultados, e está convencido de que instituições regionais como a CELAC e a CARICOM são os fóruns apropriados para o tratamento do tema. O Brasil conclama as partes à contenção, ao retorno ao diálogo e ao respeito ao espírito e à letra da Declaração de Argyle”, prossegue o comunicado do Itamaraty.
O tom da nota, que não responsabiliza a Venezuela como autora das agressões, vai de encontro a declarações de Lula sobre o conflito iniciado por Maduro contra o país vizinho. Recentemente o petista disse que esperava que “o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana”, o que atraiu uma enxurrada de críticas.
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