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Carlos Portinho
Senador Portinho diz que vitórias no ano passado foram pelo “toma lá dá cá” que não é sustentável na democracia.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do PL no Senado, afirmou nesta segunda (3) que as vitórias que o governo teve ao longo de 2023 foram na base do “toma lá dá cá”, e não por uma articulação propriamente dita com o Congresso nacional. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu uma série de derrotas com a derrubada de vetos e o avanço de projetos contrários à orientação dele, entre eles o da taxação das importações de até US$ 50.

Portinho diz que essa dificuldade em fechar uma articulação já era esperada desde o início do governo por conta da eleição de um Congresso mais conservador, e que se deve também à pouca margem de negociação por parte do Planalto aos seus próprios líderes no Legislativo.

Para ele, as votações mais apertadas, como da reforma tributária e da volta do seguro Dpvat, são a prova de que o “toma lá dá cá” de liberação de emendas e cargos em ministérios pode ter ficado para trás.

“A gente sabe que a democracia quando se baseia só nisso não é sustentável. [...] Há temas que unem o centro junto com a oposição e, quanto mais desgaste o governo tem tido inclusive na área econômica, menos recursos para poder barganhar principalmente na Câmara”, disse em entrevista à GloboNews.

Portinho afirma que o governo tem conversado mais para dentro do que efetivamente com os parlamentares, principalmente da oposição, e que isso não é culpa do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder de Lula no Congresso. Para ele, falta mais margem de negociação, o que deve começar a mudar com a entrada de Lula na articulação já a partir desta segunda (3).

Logo mais, às 9h, o presidente terá uma reunião com os líderes do governo no Congresso para começar a melhorar a articulação e traçar uma nova estratégia para conseguir avançar nas pautas prioritárias – principalmente econômicas –, já que, segundo Portinho, deve continuar tendo dificuldades em temas que envolvem segurança pública, costumes e comportamento.

A reunião terá a presença de Randolfe; José Guimarães (PT-CE), líder do governo a Câmara; Jaques Wagner (PT-BA), líder no Senado; além do ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, escalado para ser o articulador com a base no Congresso mas que já foi alvo de críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Entre as preocupações da oposição, diz Portinho, está a questão do aumento de impostos que pode vir com as leis complementares da reforma tributária que devem tornar o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) brasileiro um dos maiores do mundo. “Uma hora vai ter dificuldade de negociar não apenas com o Congresso, mas com a sociedade. O governo precisa aperfeiçoar”, completou o senador.

Carlos Portinho vê, ainda, que a articulação do governo também é falha no próprio Senado que, embora tenha Randolfe e Guimarães à frente, quem realmente atua a favor – e de acordo com o projeto – é o próprio presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Houve desgastes recentes”, disse em relação a certos avanços do Judiciário sobre decisões do Legislativo, como o Marco Temporal, que “fizeram Pacheco reagir”.

Desde a semana passada após as derrotas do governo, Randolfe Rodrigues vem expressando que o governo não está necessariamente desgastado, mas que Lula tornará as conversações com as lideranças mais frequentes, começando já nesta segunda (3). A expectativa, disse, é que terá um estreitamento nas relações entre o Planalto e o Congresso.

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