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Controvérsia

Governo não tem dinheiro, disse secretário de Guedes antes do anúncio de “Plano Marshall”

Salim Mattar, Secretário Especial de Desestatização, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em foto de janeiro deste ano: segundo Mattar, governo não tem dinheiro para "Plano Marshall". (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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Uma hora antes de o governo anunciar – sem a presença de membros da equipe econômica – um esboço de programa para a retomada "econômico-social" pós-Covid-19, o secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, declarou que o Brasil não tem dinheiro público para fazer um "Plano Marshall dos trópicos".

"O que estão chamando de Plano Marshall é uma ideia embrionária que é diferente dos planos do Ministério da Economia. O Plano Marshall dependeu de dinheiro dos Estados Unidos, mas aqui o governo não tem mais dinheiro", afirmou Salim, escalado pelo Ministério da Economia para fazer o contraponto no que é a aposta da equipe econômica: as privatizações.

O plano do governo, batizado de Pró-Brasil, estava sendo chamado nos bastidores de Plano Marshall em referência à estratégia dos EUA de financiar a reconstrução e recuperação dos países aliados após a Segunda Guerra. A principal aposta do Pró-Brasil é a retomada de obras paradas com recursos públicos e principalmente privados.

Mattar, no entanto, disse que não há como fazer planos de governo com dinheiro público, porque o país "não tem dinheiro".

Sem privatizações neste ano

O secretário admitiu também o adiamento das iniciativas de privatização previstas para acontecer até o fim deste ano. Segundo Mattar, a conclusão da área econômica é de que não há "clima" para vender ativos.

O adiamento inclui a privatização da Eletrobras, que estava prevista para outubro. Com os efeitos da pandemia, o cronograma foi transferido para o segundo trimestre de 2021. Para o secretário, essa mudança nos planos é "compreensível". "Sabemos que de agora até o fim do ano talvez não possamos fazer mais nada."

Apesar do adiamento da privatização em si, o secretário disse acreditar que o projeto de lei que autoriza a venda da Eletrobrás deva ser aprovado pelo Congresso ainda este ano. O texto foi assinado pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro de 2019, e precisa do aval da Câmara e do Senado. Ele prevê, entre outras definições, que a União fique com menos de 50% das ações e sem poder de veto.

O novo cronograma de desestatização adiou, inclusive, privatizações previstas para 2021. As vendas dos Correios, Codesp e Telebrás, que deveriam acontecer no ano que vem, foram adiadas para 2022.

Mattar confirmou que o governo não vai conseguir atingir a meta de vender R$ 150 bilhões em ativos em 2020. Apesar disso, a área econômica decidiu não rever a meta, já que o momento é de incerteza. Em 2019, o governo atingiu R$ 105,5 bilhões em desestatizações e desinvestimentos.

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