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Efeito Trump

Governo vai bancar Operação Acolhida após Trump cortar recursos; casas de acolhida estão fechadas

Operação Acolhida
Apesar de anunciar que bancará recursos da Operação Acolhida no Norte do país, operações estão paralisadas em Roraima. (Foto: OIM/divulgação)

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, na noite de segunda (27), que vai bancar recursos e efetivo da Operação Acolhida, que ajuda migrantes da região Norte do país vindos principalmente da Venezuela. A decisão ocorre após Donald Trump suspender por 90 dias o repasse de verbas para o programa.

A Operação Acolhida é operacionalizada pela Organização Internacional para Migrações (OIM), entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), e tem 60% do orçamento financiado pelos Estados Unidos. Com a suspensão, serviços importantes como regularização migratória e assistência humanitária, combate ao tráfico de pessoas e proteção e saúde, entre outros, seriam fortemente afetados.

“As autoridades brasileiras estão mobilizadas e seguem em tratativas para reduzir os impactos da ausência das equipes da OIM na operação logística e na gestão de abrigos. Entre as ações emergenciais estão a realocação de servidores das áreas de saúde, assistência social, da Polícia Federal e Defesa para manterem, em caráter emergencial, as atividades essenciais”, disse a Casa Civil do governo à Gazeta do Povo.

Apesar da Casa Civil anunciar o atendimento à operação, uma das casas de acolhida em Boa Vista, principal porta de entrada de Venezuelanos pelo estado de Roraima, está de portas fechadas nesta terça (28) com um aviso de fechamento por tempo indeterminado.

“A Cáritas [que presta o atendimento] atendendo a pedido do financiador, suspende por tempo indeterminado os atendimentos nas instalações sanitárias de Boa Vista e de Pacaraima, em Roraima”, diz o comunicado. A reportagem procurou novamente a Casa Civil e aguarda retorno.

A suspensão dos recursos à Operação Acolhida será um dos temas discutidos em uma reunião convocada por Lula à tarde com ministérios envolvidos na deportação de brasileiros dos Estados Unidos. O encontro vai discutir as questões migratórias envolvendo esta situação e a recente crise dos deportados.

A suspensão dos recursos foi alvo de uma reunião emergencial na segunda (27) e deve ter um novo encontro nos próximos dias para definir como será a operação com a ajuda do governo brasileiro. Isso porque, com os serviços interrompidos, os estados da região Norte podem ser fortemente pressionados pela constante migração de pessoas dos países fronteiriços – são cerca de 250 a 500 por dia.

“Embora continuemos a analisar os impactos dessa ação, a OIM tem um histórico de longa data de colaboração com uma ampla variedade de governos de nossos Estados-membros ao redor do mundo. Como um dos membros fundadores da OIM, os EUA têm sido um parceiro fundamental, e trabalhamos com todas as administrações desde a nossa fundação”, disse a OIM à reportagem.

A entidade emendou e afirmou que “continuamos comprometidos com o diálogo construtivo com as lideranças dos EUA e do Brasil para destacar os benefícios mútuos da colaboração”.

A OIM trabalha na Operação Acolhida desde 2018 para o fornecimento de assistência humanitária principalmente aos venezuelanos que entram no país vindos da Venezuela.

Segundo a entidade, de abril de 2018 até dezembro de 2024, a Operação Acolhida fez a interiorização de mais de 144 mil venezuelanos a partir do estado de Roraima. Eles recebem serviços humanitários e são encaminhados para casas de passagem e condições de reinício no país.

O anúncio de corte dos recursos ocorreu dias depois da chegada de um voo com 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos já sob a gestão Trump, embora o processo tenha ocorrido no âmbito de um acordo firmado em 2018 entre os dois governos.

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