O governo brasileiro pedirá desculpas aos familiares dos mortos enterrados em uma vala comum no Cemitério Dom Bosco, no bairro paulistano de Perus, durante a ditadura militar.
O pedido de desculpas será feito pela ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, e vai acontecer na segunda-feira (24), no próprio cemitério.
A data foi escolhida porque é o Dia Internacional do Direito à Verdade, que entrou no calendário oficial do Brasil por meio de uma lei sancionada por Michel Temer em 2018.
O pedido de desculpas também inclui o que o ministério define como um período de "negligência" entre 1990 — quando a vala foi descoberta — e 2014, quando o governo federal passou a buscar a identificação das ossadas encontradas no local.
Segundo as autoridades, as ossadas da vala comum de Perus são de indigentes e pessoas assassinadas pelo regime militar. Das 1.049 ossadas, apenas cinco foram identificadas até agora. Dentre elas, está a de Aluísio Palhano, que integrou o grupo guerrilheiro Vanguarda Popular Revolucionária e havia desaparecido em 1971. A ossada de Palhano foi identificada em 2018.
“Considerando as graves violações de direitos humanos perpetradas, o pedido de desculpas em nome do Estado brasileiro será feito aos familiares dos desaparecidos políticos durante a ditadura militar, que durou até 1985; e à sociedade brasileira pela negligência, entre 1990 e 2014, na condução dos trabalhos de identificação das ossadas encontradas na Vala Clandestina de Perus”, diz a nota divulgada pelo Ministério dos Direitos Humanos.
No entanto, o trabalho de identificação dos restos mortais, interrompido em 2022, ainda não foi retomado. No ano passado, o Ministério dos Direitos Humanos assinou um convênio com a prefeitura de São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para contratar uma equipe de peritos e retomar o processo que busca identificar as ossadas.
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