| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
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Em meio ao avanço da crise causada pela pandemia do novo coronavírus, o governo derrubou as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020. O Ministério da Economia estima que haverá uma retração da economia de 4,70%, a maior da história do país, se confirmada a projeção. É a terceira revisão do ano e a primeira em que o governo prevê uma queda do PIB.

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"A interrupção de atividades produtivas e de consumo terá necessariamente um impacto profundo sobre o crescimento do PIB de 2020. Diante disso, as projeções de crescimento foram revisadas fortemente para -4,7% ante a última divulgação", diz a pasta em nota.

A última projeção - divulgada no dia 20 de março - previa uma estagnação: avanço de apenas 0,02% do PIB. Já a estimativa anterior, divulgada em 11 de março, previa um avanço de 2,10%. Mais otimista ainda era a projeção feita no ano passado e usada para a elaboração do Orçamento: crescimento de 2,40% da economia em 2020.

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O número divulgado para o PIB pelo governo está em linha com algumas estimativas de mercado. As instituições financeiras preveem uma queda de 4,11% da economia em 2020, segundo o último boletim Focus, do Banco Central. O Banco Mundial acredita que o PIB brasileiro vai cair 5%. O Fundo Monetário Internacional (FMI), 5,3%.

O secretário de Fazendo do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que a queda projetada para o PIB só não será maior devido ao setor agropecuário e às exportações. "A nossa estimativa do PIB para 2020 seria maior se não tivéssemos essa robustez pro setor agropecuário e o efeito câmbio em alguns setores", afirmou em entrevista coletiva nesta quarta.

O secretário de Política Econômica da pasta, Adolfo Sachsida, disse que o Brasil vai sair da pandemia do novo coronavírus mais pobre e endividado. "Ao final dessa pandemia, o Brasil e o mundo estarão mais pobres e endividados. Para sair mais desse momento insustentável, precisaremos de foco. Precisaremos de politicas mais eficientes para o emprego, proteção social e recuperação judicial. Temos que fazer mais com a mesma quantidade de recursos", explicou, defendendo a agenda pró-mercado para recuperação da economia.

"O ano de 2020 será difícil. O ano de 2021 será melhor ou pior a depender das decisões que tomarmos no segundo semestre de 2020", disse Sachsida, reforçando a necessidade de aprovar reformas, novos marcos legais, fazer as privatizações e concessões e manter o teto de gastos.

Para 2021, 2022 e 2023, o Ministério da Economia projetou um crescimento de 3,2%, de 2,6% e de 2,5%, respectivamente.

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Sobre a possibilidade de recessão, a pasta estima que ela será técnica e ficará restrita aos dois primeiros trimestres de 2020. O Ministério da Economia estima uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) 1,3% no primeiro trimestre e de 7% para o período de abril a junho. Já no segundo semestre, a pasta acredita em uma retomada. A expectativa é que o PIB avance 3,6% no terceiro trimestre e 1,4% nos últimos três meses do ano.

Queda ficará maior com prolongamento da quarentena

O Subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles, alertou que a queda do PIB em 2020 ficará ainda maior caso as medidas de isolamento social sejam prolongadas para além de maio. Ele explicou que a retração de 4,7% foi feita levando em conta uma quarentena até 31 de maio.

Caso a quarentena se estenda até o fim de junho, o secretário diz que o PIB pode ter uma retração maior que 6%.

A secretaria de Política Econômica da pasta divulgou um estudo em que mostra o custo de cada semana de paralisação da atividade econômica leva a uma perda de R$ 20 bilhões ao setor produtivo. Esse custo também foi estimado caso a quarentena dure até maio. Se ela for prolongada, as perdas serão maiores e vão levar a um aumento do número de falências, do desemprego e do endividamento público e privado e, consequentemente, piora no PIB, alertou a SPE em nota.

Teles também disse que, apesar de a pasta prever um crescimento de 3,2% em 2021, a recuperação será lenta e a crise, severa. O PIB só deve alcançar o seu valor pré-crise em 2022, segundo o secretário.

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