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O presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Alessandro Stefanutto, disse nesta terça (23) que a autarquia vê com “preocupação” o movimento grevista dos peritos médicos e afirmou que está tomando medidas para evitar impactos no atendimento à população. As paralisações, que buscavam reajuste salarial e melhores condições de trabalho, ocorreram em 17 de janeiro e mais duas estão previstas para este mês.
Stefanutto destacou a importância da perícia médica para a concessão de benefícios e expressou preocupação com os efeitos de uma possível greve na fila de espera, que atingiu um tempo médio de 47 dias. O presidente ressaltou a gravidade da situação “quando uma carreira tão importante e fundamental como é a perícia para de atender as pessoas, elas não têm acesso ao benefício para se sustentar. Isso é muito grave”, disse em entrevista ao Poder360.
Diante do cenário, o INSS adotará medidas para minimizar os prejuízos à população, incentivando a transformação do pedido de perícia em atestado médico por meio do Atestmed, um modelo de concessão de benefício. Stefanutto assegurou que a autarquia está preparada para mitigar os efeitos negativos causados por qualquer movimento grevista na fila de espera.
O movimento dos peritos médicos busca um reajuste salarial de 23%, além da contratação de 1,5 mil novos profissionais e a implementação de um plano de carreira. As manifestações visam pressionar o governo para atender as demandas e garantir melhores condições de trabalho para a categoria.
O presidente do INSS reforçou a preocupação com a continuidade das paralisações e enfatizou que a autarquia está adotando estratégias para assegurar que a população não seja prejudicada, permitindo o acesso aos benefícios mesmo em meio ao movimento grevista.
"O problema da fila não é ter um milhão, dois milhões ou três milhões esperando, mas que a gente possa atender as pessoas rápido. O nosso desafio, ainda que tenha dois milhões de pessoas esperando, é que elas não esperem mais do que 30 dias. [...] Não faz sentido, como acontecia antes da posse de Lula, esperarem seis, sete ou oito meses por um benefício", completou dizendo que pretende alcançar essa meta até o final do ano.
Por outro lado, médicos peritos afirmam que o uso do Atestmed não é unânime entre os profissionais, sendo que uma parte considerável deles vê fragilidade neste formato de perícia através de atestado fornecido por terceiros.
Em meados do ano passado, a entidade que representa os médicos peritos apontou que o uso da plataforma por acabar levando a mais prejuízos para o governo, com a concessão de benefícios sem necessidade.
Apesar das críticas, Stefanutto disse que algumas unidades do INSS terão o uso obrigatório do Atestmed. "Não há razão para se optar por uma perícia de 120 dias se a pessoa pode ter benefício rápido", afirmou.
"Isso é bom para a população, bom para o INSS, que paga menos, e bom para o Estado, para a economia e os empresários, porque a gente tem atividade econômica mantida, não as pessoas afastadas. Quando virarmos essa chave, a esfera deve cair muito mais", ressaltou.