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Sucessão

Grupo de Maia segue sem definir candidato na Câmara: o que explica a demora

grupo de Maia
Rodrigo Maia tenta costurar um nome de consenso para sua sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. (Foto: Albari Rosa/Arquivo Gazeta do Povo)

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A Câmara dos Deputados encerrou a sessão de quinta-feira (17), a que provavelmente foi a última do ano com votação de projetos, sem que os parlamentares soubessem a definição de uma informação que tem pautado conversas pela Casa: a escolha do candidato do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) à sua sucessão. O democrata e seu grupo prosseguem sem confirmar quem será o cabeça do projeto, que terá como principal adversário Arthur Lira (PP-AL) nas eleições marcadas para fevereiro próximo. Uma possibilidade é que o representante seja escolhido nesta sexta-feira (18).

Os últimos dias registraram sucessivos adiamentos da definição do candidato. O anúncio do nome foi esperado em dias como a segunda (14) e a terça-feira (15), e mesmo na semana anterior já havia expectativa em torno do nome. O favoritismo de momento está com Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Apoiadores do grupo de Maia cobram a definição de um nome e citam que Lira, por ter lançado oficialmente a sua campanha no dia 9, largou na frente.

"Realmente, há uma preocupação em relação ao tempo. É necessário entrarmos nesse período de fim de ano já com a definição de um candidato", afirmou o líder do PSDB na Câmara, Rodrigo de Castro (MG). O PSDB é um dos partidos que anunciou apoio ao grupo de Maia, juntamente com DEM, PSL, Cidadania, PV e MDB.

A indefinição na escolha do representante é explicada por fatores que incluem estratégias eleitorais, tentativa de ganhar mais apoio, conexões com a disputa do Senado e a relação dos parlamentares com o governo de Jair Bolsonaro.

Esquerda pode ser diferencial

Conseguir o apoio da esquerda é uma das metas dos pré-candidatos, e pode ser um dos elementos determinantes para receber a chancela de Rodrigo Maia. Nesta quinta, PT, PDT, PSB e PCdoB anunciaram que atuarão em conjunto na eleição da Câmara, e que se posicionarão contra Lira, visto como o candidato oficial do governo Bolsonaro. As legendas, entretanto, não definiram se apoiarão o nome de Maia, se terão uma candidatura ou se apresentarão outro representante ao bloco do atual presidente da Câmara. O Psol defende candidatura própria e poderá se unir ao grupo.

A adesão a Rossi ou a Aguinaldo não é consensual entre os parlamentares. Ao jornal O Globo, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que os dois pré-candidatos sofrem resistência na bancada. Ao mesmo jornal, o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), defendeu que o partido endosse o projeto, seja qual for o candidato, de forma a garantir espaços de poder à sigla na próxima gestão da mesa diretora da Câmara. Os partidos ainda não têm uma data marcada para a definição de seu voto.

Em 2019, diferenças de posicionamento levaram a um racha entre o PT e o PCdoB, aliados históricos. Os comunistas defenderam apoio à reeleição de Maia. Já o PT ficou ao lado de Marcelo Freixo (Psol-RJ), que lançou candidatura para "marcar posição".

Grupo de Maia enfrenta rebelião do DEM

O candidato do grupo de Maia terá o desafio de evitar a evolução de um conflito no partido do atual presidente da Câmara. O deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) enviou aos colegas de bancada uma mensagem na quarta (16) dizendo que foi traído por Maia. Elmar também é pré-candidato à presidência da Câmara.

Na mensagem, divulgada pelo site Poder360, Elmar fala que estava construindo sua candidatura havia tempo e que contava com apoios até dentro do PT. "Apesar de tudo isso, meu nome vem sendo ‘estranhamente’ relegado. Fui traído inexplicavelmente por quem eu considerava meu melhor amigo. Quem eu mais confiava. Quem eu mais acreditava. Quem sempre segui cegamente em tudo”, declarou.

A queixa de Nascimento se explica por uma suposta predileção de Maia às candidaturas de Aguinaldo e Baleia. O DEM tem 28 deputados. Parte do partido defende mais alinhamento com o governo Bolsonaro, o que também contribui para que a sigla não esteja em estágio de plena unanimidade.

Dois ministros são deputados federais licenciados pela sigla: Onyx Lorenzoni (RS), da Cidadania, e Tereza Cristina (MS), da Agricultura. A sul-mato-grossense chegou a ter seu nome especulado também como pré-candidata na disputa atual, em um movimento que contribuiria também para a reacomodação de aliados na Esplanada dos Ministérios.

Mais questões partidárias

A escolha do candidato do bloco de Maia passa ainda por uma costura que pode envolver o PSL, antigo partido do presidente Bolsonaro e ao qual estão filiados ainda grande parte dos bolsonaristas da Câmara.

Isso porque o PSL pode ser o destino de Aguinaldo Ribeiro. O deputado é do mesmo PP de Arthur Lira, e uma eventual candidatura sua não terá o apoio da direção nacional de seu partido. O lançamento da candidatura de Lira contou com a presença do senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP.

Neste contexto, Ribeiro concorreria ainda pelo PP, mas com o compromisso de migrar ao PSL na próxima janela partidária. A hipótese foi defendida publicamente pelo presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), que é vice-presidente da Câmara e também chegou a ser especulado para a disputa atual.

E a eleição no Senado

A eleição para a presidência do Senado, embora ocorra de forma distinta da feita na Câmara, também acaba por influenciar na montagem das chapas entre os deputados. No caso da disputa pela candidatura do bloco de Maia, entra em cena o fato de que DEM e MDB têm também candidaturas já colocadas no Senado.

Entre os democratas, o nome cotado é o de Rodrigo Pacheco (MG), que conta com a simpatia do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Já o MDB tem quatro pré-candidaturas colocadas: Simone Tebet (MS), Eduardo Braga (AM), Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE). Os emedebistas contam com a maior bancada do Senado, o que historicamente dá favoritismo para a eleição local.

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