Ex-presidente interino da Venezuela criticou Lula por ignorar a crise humanitária mais severa já vista no continente.| Foto: Reprodução/ Twitter
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O opositor do regime ditatorial na Venezuela, Juan Guaidó, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o presidente Lula (PT) presta um grande desserviço à democracia ao não se contrapor ao regime de Nicolás Maduro e às violações de direitos humanos no país.

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“O presidente Lula presta um grande desserviço à democracia ao não se posicionar frontalmente em defesa dos direitos humanos e, por consequência, da democracia”, declarou. “Se o ataque ao Parlamento brasileiro é deplorável, o ataque ao Congresso venezuelano por parte de Maduro também é deplorável”, disse Guaidó, ex-presidente interino da Venezuela, cujo governo foi dissolvido no final de dezembro.

Assim como fizeram países vizinhos onde a esquerda chegou à presidência, o Brasil voltou a reconhecer o ditador Nicolás Maduro como presidente da Venezuela. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a embaixada brasileira em Caracas, capital venezuelana, foi fechada pelo governo brasileiro. Lula, no entanto, pretende enviar uma missão ao país para retomar as relações com Maduro.

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Para Guaidó, Lula invisibiliza a violação dos direitos humanos sofrida por imigrantes e refugiados do país. “Um presidente com 24 dias de governo que minimiza ou não se pronuncia sobre a crise humanitária mais severa já vista no continente, pior do que em nações que vivem guerras, como a Síria e a Ucrânia, não entende a Venezuela. Não é à toa que Maduro é acusado de crimes contra a humanidade. Mas não há a intenção de polarizar com quem quer que seja, e sim de defender o sistema democrático e a possibilidade de solucionar a crise venezuelana por meio de eleições presidenciais livres”, declarou Guaidó.

Lula defende "carinho" com regimes ditatoriais

A viagem de Lula à Argentina marcou uma guinada nas relações do Brasil com ditaduras como a da Venezuela e a de Cuba. A reaproximação com esses países ocorre depois de quatro anos desde o afastamento promovido pelo governo do ex-presidente Bolsonaro. O petista defendeu que haja um "carinho" com os regimes ditatoriais.

"Que se acabe o bloqueio a Cuba, que já dura mais de 60 anos sem nenhuma necessidade. Os cubanos não querem copiar o modelo brasileiro ou dos Estados Unidos, querem fazer o próprio modelo. E quem tem a ver com isso? Portanto, tem que tratar Venezuela e Cuba com muito carinho e, naquilo que pudermos ajudar a resolver seus problemas, nós ajudaremos", disse Lula.