O ministro da Economia, Paulo Guedes, quebrou o silêncio nesta sexta-feira (27) e divulgou um vídeo sobre as ações do governo e dos bancos públicos para proteger a economia e a renda do trabalhador da crise que está sendo causada pelo novo coronavírus. Ao todo, serão injetados na economia R$ 700 bilhões nos próximos meses, segundo o ministro.
Ele confirmou que o governo vai pagar auxílio ao trabalhador que tiver o salário reduzido. “Empresa paga metade [do salário] e o governo paga mais 25% do salário. Então o trabalhador continua no emprego e perde apenas 25% do salário. Se o setor é mais atingido, vulnerável [à crise] e ainda a receita caiu para zero, o governo chega a bancar até um terço de forma a proteger os empregos”, disse Guedes na gravação.
O vídeo ficou 25 minutos no ar e depois foi retirado pela equipe do Ministério da Economia, que disse haver um "erro de edição" justamente no ponto em que o ministro falou sobre o porcentual de auxílio do governo. Segundo a assessoria, o complemento do governo será maior do que o mencionado por Guedes.
"A medida referente a parcela que o governo vai conceder aos trabalhadores que tiverem seu salário reduzido vem sendo trabalhada pelo ministro Paulo Guedes e pelo presidente Bolsonaro e sofreu alterações e melhorias. A informação atualizada é de que o complemento do governo será um percentual do seguro-desemprego, a que a pessoa teria direito, equivalente ao percentual de corte sofrido. Ou seja, o benefício para os trabalhadores será maior do que o explicitado no vídeo, que tinha sido gravado. A medida será anunciada com mais detalhes assim que estiver concluída. Por isso iremos republicar o vídeo do ministro sem os percentuais citados", informou a assessoria do ministério.
A pasta não deixou claro na nota se o complemento do governo será uma antecipação do percentual do seguro-desemprego ao qual o trabalhador tem direito ou se um auxílio novo, que usará o seguro-desemprego como referência. A ideia inicial da equipe econômica era antecipar parte do seguro-desemprego e, depois, quando a pessoa fosse demitida era receberia o que restou.
A redução proporcional da jornada e do salário dos trabalhadores e o complemento do governo estarão em medida provisória a ser editada pelo governo. Essa medida estava prevista para sair nesta sexta-feira (27), mas só deverá ser apresentada na próxima segunda ou terça-feira (28), segundo apurou a Gazeta do Povo. Guedes não comentou se a MP vai prever a suspensão do contrato de trabalho com auxílio do governo.
Medidas já implementadas
Ainda no vídeo, o ministro relembra ações que já foram implementadas pelo Ministério da Economia e pelos bancos públicos. Ele lembrou que o governo vai antecipar o pagamento do 13º de aposentados e pensionistas do INSS e já transferiu R$ 3,1 bilhões para incluir 1,2 milhão de famílias no Bolsa Família.
Citou, ainda, o auxílio a ser pago para os trabalhadores autônomos e informais, de R$ 600 por três meses. Esse “coronavoucher”, como é chamado, foi aprovado na Câmara na quinta-feira (26) à noite, após o governo e o Congresso entrarem em acordo sobre o valor. Inicialmente, o governo queria pagar apenas R$ 200, mas os parlamentares afirmaram que não aceitariam menos de R$ 500. O valor de R$ 600 acabou sendo definido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Guedes elencou, ainda, que o Banco Central flexibilizou a política de compulsórios, liberando R$ 200 bilhões em liquidez para as instituições financeiras. E que a Caixa e o BNDES anunciaram, respectivamente, a injeção de R$ 100 bilhões e R$ 50 bilhões na economia.
Por último, citou que serão transferidos R$ 85,6 bilhões para estados e municípios para gastos em saúde e assistência e recomposição de fundos de participação. Também serão suspensas dívidas de estados e municípios com bancos.
“Tudo isso para defender a vida, a saúde e os empregos dos brasileiros. são dinheiros diferentes. Um é para dar liquidez para as empresas, o outro é para complementar o salário das empresas que quiserem manter o emprego”, afirmou.
Guedes enfatizou que a determinação do presidente Jair Bolsonaro é de “que não vão faltar recursos para defender as vidas, a saúde e o emprego dos brasileiros". "Nenhum brasileiro vai ficar para trás”, disse o ministro.
Choque de saúde e econômico
No vídeo, divulgado pelo Ministério da Economia, Guedes afirma que duas ondas enormes avançam em direção ao Brasil. “A primeira já nos atingiu e é uma calamidade de saúde pública, que ameaça nossas vidas”, se referindo ao novo coronavírus. A segunda onda é “uma crise econômica como nunca sofremos antes”, dependendo da nossa reação, disse o ministro. E explicou que o presidente Jair Bolsonaro, em seu último pronunciamento, alertou a população sobre a gravidade dessa segunda onda.
Guedes afirmou que o presidente está nos alertando que precisamos impedir a desorganização da economia brasileira e uma crise de abastecimento. “O alerta do presidente é o seguinte: sim, vamos cuidar de nossa saúde. Mas não podemos esquecer que ali a frente temos o desafio de continuar produzindo, temos que alimentar a população.”
Ele explicou, ainda, que se o governo lançar “bilhões e bilhões para proteger a economia brasileira e nós todos – que temos que ficar agora nesse isolamento por um tempo para nós protegermos e furarmos essa primeira onda – (...) se nós não nos lembramos que temos que continuar resistindo com nossa produção econômica também, nós vamos ter aquele fenômeno que todo mundo está com os recursos, mas as nossas prateleiras estão vazias, porque nós deixamos a organização da economia entrar em colapso.”
Apesar do alerta, Guedes terminou o vídeo demonstrando otimismo. “O Brasil vai atravessar as duas ondas e nós vamos superar isso. O presidente da República, o Congresso, o povo brasileiro e os empresários brasileiros não vão deixar a produção ser desorganizada.”
Assista ao vídeo
É a segunda versão do vídeo. A primeira foi excluída pelo Ministério da Economia.
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