O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo já trabalha com a perspectiva de um crescimento de apenas 1,5% da economia neste ano. Ele afirmou que no começo do ano havia uma expectativa para que as reformas fossem aprovadas com rapidez, mas isso acabou não se confirmando. Inicialmente, o governo previa que o PIB fosse crescer 2,2%, podendo chegar a 2,9% caso aprovada a reforma da Previdência no primeiro semestre.
“[Temos] uma economia que pode se recuperar com uma certa rapidez se fizer as reformas que estão encomendadas. Mas o crescimento que era 2% quando eles [a equipe econômica] fizeram as primeiras estimativas já caiu para 1,5%”, afirmou o ministro em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (14).
“Quando chegou um governo novo, havia a expectativa que as reformas fossem aprovadas com rapidez. Eu sempre olhei isso com mais ceticismo”, completou. A reforma da Previdência está na comissão especial da Câmara dos Deputados e é impossível regimentalmente ela ser aprovada no Senado ainda neste primeiro semestre, conforme o governo esperava no começo do ano. O secretário de Previdência, Leonardo Rolim, já fala em aprovação nas duas casas somente em setembro.
Novo bloqueio no Orçamento
O secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior, que também participa da audiência, confirmou que o governo vai revisar a previsão do PIB para baixo e que o anúncio oficial será feito no dia 22 deste mês. Como a expectativa é que a economia cresça menos do que o esperado, o governo terá de anunciar mais um bloqueio no Orçamento. No primeiro bimestre, já foram contingenciados R$ 29,8 bilhões, atingindo todos os ministérios.
“Brasil é prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento. O crescimento não vem. Não temos crescimento há quase duas décadas”, afirmou Paulo Guedes a deputados e senadores. Ele falou que o Brasil entrou nessa armadilha pois nunca resolveu a sua situação fiscal, deixando as despesas crescerem sem controle e se endividando em bola de neve.
O ministro falou que a única solução para sair dessa armadilha fiscal é fazer as reformas estruturantes. Para isso, o governo já encaminhou a reforma da Previdência, que vai atacar os gastos com aposentadoria, que consomem a maior parte do Orçamento público.
"Se aprovarmos a reforma Previdência e começarmos a discutir o pacto federativo, aí os próximos 12 meses serão virtuosos", afirmou Guedes.
Por mim só teríamos dez ministérios, diz Paulo Guedes
Questionado três vezes pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR) sobre o que motivou o governo ter bloqueado no primeiro bimestre a verba dos ministérios, em especial da Educação, o ministro explicou a questão orçamentária, com a arrecadação em baixa e as despesas obrigatórias consumindo quase todo o caixa.
Mas, com a insistência do deputado no tema, Guedes desabafou que não há dinheiro para todo mundo, que as decisões são tomadas em conjunto com o presidente da República e que, por ele, só haveria dez ministérios.
"Temos 22 ministérios e com muita verba para meu gosto. Por mim só teriam 10 ministérios e bem pequenininhos", afirmou a Zeca Dirceu. O deputado petista foi quem chamou Guedes de tchutchuca em uma audiência pública para discutir a reforma da Previdência.
Crédito suplementar
Ainda na comissão mista de Orçamente, Guedes falou ainda do pedido de crédito suplementar encaminhado pelo governo ao Congresso para pagar despesas correntes. O governo pede autorização dos parlamentares para se endividar em R$ 248 bilhões e assim garantir o pagamento dos aposentados e dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa Família e Plano Safra até o fim do ano. Essa autorização do Congresso é obrigatória porque o governo não pode se endividar para pagar despesas correntes, segundo a regra de ouro.
“Pedimos crédito suplementar para não quebrar a regra de ouro. Estamos à beira de quebrar a regra de ouro. Isso reflete nosso problema estrutural. Precisamos de R$ 200 bilhões para pagar Previdência, R$ 30 bi para BPC, R$ 6 bi para Bolsa Família e o restante para Plano Safra”, explicou o ministro.
Ele lamentou a situação de ter que se endividar para pagar despesas correntes como Previdência, mas disse que isso é reflexo da nossa crise fiscal e que somente com as reformas estruturantes será possível sair desse buraco. “Estamos à beira do abismo fiscal.”
Guedes disse, ainda, que caso o crédito suplementar não seja aprovado, "a máquina pública para" no segundo semestre.
Salário mínimo
Sobre a decisão do governo inicial de reajustar o salário mínimo apenas pela inflação, sem ganho real, o ministro Paulo Guedes disse que isso também foi necessário devido à gravidade da crise fiscal. Ele afirmou que cada R$ 1 de aumento do salário mínimo implica em R$ 300 milhões em gastos no Orçamento.
“O impacto é devastador sobre as finanças da União e de estados e municípios. É pouco para quem recebe, caro para quem paga e desastroso para as finanças públicas”, ressaltou o ministro.
Ele afirmou que, caso as reformas fiscais avancem, é possível que o governo mude o parâmetro e garanta ganhos reais. De 2012 a 2019, o piso salarial foi reajustado pela inflação do ano anterior – medida pelo INPC – mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Na maioria das vezes, a fórmula garantiu algum aumento real, à exceção de 2017 e 2018, quando o cálculo foi influenciado pelo PIB negativo de 2015 e 2016.
O governo tem até o fim do ano para enviar um projeto com a política de salário mínimo para 2020. Mas, no Plano de Diretrizes Orçamentárias para 2020, o governo divulgou que trabalha com a previsão é se reajuste do mínimo apenas pela inflação, a ser medida pelo INPC.
A audiência na CMO tem como pauta principal o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020. É a quarta vez que o ministro vai a Congresso, sendo a terceira somente na Câmara.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF