O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só deve mudar de posição sobre classificar o Hamas como um grupo terrorista se os países membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovar. A possível mudança de posicionamento foi anunciada na manhã desta quarta (11) por integrantes do Ministério das Relações Exteriores durante uma entrevista coletiva que atualizou a situação dos brasileiros que ainda estão em Israel e que pediram resgate para repatriação.
Desde o início da ofensiva do Hamas contra Israel, o Brasil tem evitado classificar o grupo como terrorista, seguindo a consideração da ONU que também não reconhece essa condição da facção. Este posicionamento tem sido fortemente criticado, e mesmo membros do governo também evitam definir os ataques como atos de terrorismo.
A posição brasileira difere de países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e nações da União Europeia que têm sido contundentes na classificação do Hamas como uma organização terrorista.
Apesar disso, o secretário do Itamaraty para assuntos de África e Oriente Médio, Carlos Sergio Duarte, disse que o Brasil se posicionou contra os “atos terroristas” e “repudiou o terrorismo” contra a população civil. Esta foi a primeira vez que um membro do governo se posicionou publicamente com esta classificação.
“O desdobramento político do conflito é algo que está sendo tratado no âmbito do Conselho de Segurança, no mês de outubro presidido pelo Brasil, e essas questões serão alvo de consideração”, disse.
De acordo com o secretário, o Brasil expressou sua preocupação com a escalada de hostilidades e “exortou para uma contenção” da violência contra a população civil. Ao mesmo tempo em que explicava sobre a posição do país na ONU, o presidente Lula pediu à ONU que faça uma “intervenção humanitária internacional” em Gaza e um cessar fogo imediato de Israel “em defesa das crianças israelenses e palestinas”.
“É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”, disse Lula.
Ainda segundo Duarte, o representante do Brasil no Conselho de Segurança, embaixador Sérgio Danese, que preside o colegiado temporariamente, está em conversas diárias com os 15 membros para obter um “consenso possível” para condenar o Hamas pelos ataques a Israel.
A primeira reunião convocada por ele no final de semana, a portas fechadas, terminou sem consenso e sem uma manifestação conjunta dos membros. “Ele está engajado em consultas com os membros do Conselho de Segurança, e cada um desses membros têm suas posições com relação ao conflito”, disse.
O secretário concluiu afirmando que não há uma indicação de um próximo encontro dos membros do Conselho para voltar a discutir a situação dramática vivida na região.
Desde o início dos conflitos, no sábado (7), mais de 2,2 mil pessoas morreram, sendo 1,2 mil em Israel e pouco mais de 1 mil em Gaza. Entre elas dois brasileiros, os jovens Ranani Glazer, de 23 anos, e Bruna Valeanu, de 24, que estavam em um festival de música eletrônica que foi um dos primeiros locais atacados pelo Hamas durante a ofensiva contra o território israelense.
Ainda há uma brasileira desaparecida, e sem pistas de onde poderia estar. Também na mesma coletiva, o Itamaraty confirmou que recebeu a informação do exército israelense de que há brasileiros entre os reféns do Hamas, mas que ainda busca informações e mais detalhes.
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