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Guerra no Oriente Médio

Governo deve classificar Hamas como terrorista apenas se conselho da ONU aprovar

Itamaraty
Secretário do Itamaraty afirma que Brasil já classifica grupo como terrorista, embora não mude oficialmente de posição. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só deve mudar de posição sobre classificar o Hamas como um grupo terrorista se os países membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovar. A possível mudança de posicionamento foi anunciada na manhã desta quarta (11) por integrantes do Ministério das Relações Exteriores durante uma entrevista coletiva que atualizou a situação dos brasileiros que ainda estão em Israel e que pediram resgate para repatriação.

Desde o início da ofensiva do Hamas contra Israel, o Brasil tem evitado classificar o grupo como terrorista, seguindo a consideração da ONU que também não reconhece essa condição da facção. Este posicionamento tem sido fortemente criticado, e mesmo membros do governo também evitam definir os ataques como atos de terrorismo.

A posição brasileira difere de países como Estados Unidos, Reino Unido, Japão e nações da União Europeia que têm sido contundentes na classificação do Hamas como uma organização terrorista.

Apesar disso, o secretário do Itamaraty para assuntos de África e Oriente Médio, Carlos Sergio Duarte, disse que o Brasil se posicionou contra os “atos terroristas” e “repudiou o terrorismo” contra a população civil. Esta foi a primeira vez que um membro do governo se posicionou publicamente com esta classificação.

“O desdobramento político do conflito é algo que está sendo tratado no âmbito do Conselho de Segurança, no mês de outubro presidido pelo Brasil, e essas questões serão alvo de consideração”, disse.

De acordo com o secretário, o Brasil expressou sua preocupação com a escalada de hostilidades e “exortou para uma contenção” da violência contra a população civil. Ao mesmo tempo em que explicava sobre a posição do país na ONU, o presidente Lula pediu à ONU que faça uma “intervenção humanitária internacional” em Gaza e um cessar fogo imediato de Israel “em defesa das crianças israelenses e palestinas”.

“É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra”, disse Lula.

Ainda segundo Duarte, o representante do Brasil no Conselho de Segurança, embaixador Sérgio Danese, que preside o colegiado temporariamente, está em conversas diárias com os 15 membros para obter um “consenso possível” para condenar o Hamas pelos ataques a Israel.

A primeira reunião convocada por ele no final de semana, a portas fechadas, terminou sem consenso e sem uma manifestação conjunta dos membros. “Ele está engajado em consultas com os membros do Conselho de Segurança, e cada um desses membros têm suas posições com relação ao conflito”, disse.

O secretário concluiu afirmando que não há uma indicação de um próximo encontro dos membros do Conselho para voltar a discutir a situação dramática vivida na região.

Desde o início dos conflitos, no sábado (7), mais de 2,2 mil pessoas morreram, sendo 1,2 mil em Israel e pouco mais de 1 mil em Gaza. Entre elas dois brasileiros, os jovens Ranani Glazer, de 23 anos, e Bruna Valeanu, de 24, que estavam em um festival de música eletrônica que foi um dos primeiros locais atacados pelo Hamas durante a ofensiva contra o território israelense.

Ainda há uma brasileira desaparecida, e sem pistas de onde poderia estar. Também na mesma coletiva, o Itamaraty confirmou que recebeu a informação do exército israelense de que há brasileiros entre os reféns do Hamas, mas que ainda busca informações e mais detalhes.

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