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O cantor sertanejo Gusttavo Lima afirmou nesta quinta-feira (2) que pretende se candidatar à Presidência da República nas eleições de 2026. Lima, que não é filiado a nenhum partido político, colocou seu nome à disposição das legendas. Em pleitos anteriores, ele declarou apoio publicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em entrevista ao portal Metrópoles, o cantor disse que o Brasil “precisa de alternativas” e destacou que começará a conversar com grupos políticos. “Chega dessa história de direita e de esquerda. Não é sobre isso, é sobre fazer um gesto para o país, no sentido de colocar o meu conhecimento em benefício de um projeto para unir a população”, afirmou.
Durante as eleições de 2024, o sertanejo pediu votos ao ex-coach Pablo Marçal, que ficou em terceiro lugar na disputa pela prefeitura de São Paulo. Lima ressaltou que, apesar de nunca ter ocupado um cargo político, é um “empreendedor” e sabe como “fazer a roda girar”.
“A gente tem que desburocratizar para o país funcionar melhor. Os pobres estão sem poder de compra, e o setor do agronegócio não aguenta mais pagar impostos e não ter benfeitorias para investir em seus próprios negócios”, disse.
“Eu acho que posso ajudar, talvez mude de ideia até 2026, mas hoje a minha disposição está muito inclinada para me tornar um candidato à Presidência da República em 2026”, emendou.
Aliados e possíveis adversários em 2026
O agronegócio é próximo de Bolsonaro e de outro possível candidato à presidência em 2026: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que é “amigo pessoal” do sertanejo. Caiado disse ver com “normalidade” a possível candidatura de Gusttavo Lima. “É meu amigo pessoal, e da minha parte terá total respeito a sua decisão”, afirmou o governador à CNN Brasil.
Durante um show em setembro, chamou Caiado de “nosso futuro presidente”, como mostrou a coluna Entrelinhas, da Gazeta do Povo. Na ocasião, o governador pretendia lançar a candidatura de Lima ao Senado.
Já o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030. No entanto, Bolsonaro espera reverter a decisão para ser o nome da direita na disputa pelo Planalto em 2026. O ex-mandatário evita apoiar possíveis candidatos substitutos quando é questionado sobre o tema.
Em 2024, Gusttavo Lima teria conversado com Bolsonaro sobre uma possível filiação ao PL, mas a proposta inicial seria para concorrer ao Senado, informou o jornal O Globo. Marçal também não descarta disputar à presidência no próximo pleito.
“Que cachaça é essa?”, diz Nikolas após anúncio de Gusttavo Lima
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reconheceu que Gusttavo Lima apoiou Bolsonaro “em todos momentos” e pode ser uma opção para 2026, caso o ex-presidente permaneça inelegível.
"Que cachaça é essa que o Gusttavo Lima tomou que, agora, ele quer virar presidente? O cara é o maior cantor estourado do Brasil. Não precisava arrumar problema nenhum na cabeça e agora está dando a cara a tapa para entrar na política. Isso é admirável", disse o parlamentar em um vídeo divulgado no Instagram.
"Imagina no dia da posse? ‘O embaixador chegou’… Se colocar o Leonardo de vice, acabou”, acrescentou. Para o deputado, o sertanejo “desde o início se posicionou a favor do Bolsonaro em todos os momentos, mesmo estando no meio mais mimizento e cancelador do mundo”.
“Se o sistema deixar o Bolsonaro ir para a candidatura, esquece, todo mundo com ele. Isso até o Gusttavo Lima sabe. Mas se o sistema não deixar o Bolsonaro se candidatar… O Gustavo Lima até então se demonstra uma opção”, afirmou Nikolas.
Gusttavo Lima foi alvo de investigação envolvendo bets
Em setembro de 2024, a Justiça de Pernambuco decretou a prisão de Gusttavo Lima por suposto envolvimento em lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo bets. A decisão foi um desdobramento da Operação Integration, que também teve como alvo a influenciadora e advogada Deolane Bezerra.
Na ocasião, a juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, apontou que o sertanejo mantinha “intensa relação financeira” através de “movimentações suspeitas” com os sócios da empresa “Vai de Bet”. A operação conduzida pela Polícia Civil investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais, incluindo bets e jogo do bicho, e lavagem de dinheiro.
O cantor estava nos Estados Unidos e não chegou a ser detido. A ordem de prisão foi revogada dias depois. No mês passado, a Procuradoria-Geral de Justiça de Pernambuco arquivou o caso contra o cantor e os sócios da empresa de apostas.
De acordo com a procuradoria, não foram apresentadas provas sobre a existência de algum crime ou delito praticado pelo cantor ou pela “Vai de Bet”. Além disso, a PGE-PE apontou que o único elo entre as empresas seria a aeronave vendida por Gusttavo Lima ao dono da "Esportes da Sorte" e posteriormente à "Vai de Bet".