O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil é o país-membro do Mercosul que está liderando as negociações com a União Europeia para fechar o acordo de livre comércio entre os dois blocos. O Brasil passou a presidência do Mercosul em dezembro do último ano para o Paraguai, mas seguiu à frente das tratativas com os países europeus com a intenção de viabilizar o acordo entre as partes.
"Eu acredito que estamos próximos [da conclusão] e conseguimos superar algumas dificuldades. Há ainda alguns pontos [que precisam ser acordados] que são de total interesse de todos os países do Mercosul, mas há uma boa vontade e disposição para concluirmos esse acordo. Creio que poderemos fazê-lo neste ano", afirmou Mauro Vieira nesta quarta-feira (19), durante audiência no Senado.
O chanceler reconhece que o acordo é delicado e que a ala agrícola da União Europeia tem um viés protecionista que atrasou a conclusão do tratado.
"O tema é muito delicado. Dentro da União Europeia há muitos países que têm um setor agrícola muito protecionista e que não querem o acordo. Mas mesmo nesses países vemos sinais positivos. O próprio presidente [da França, Emannuel] Macron, quando se encontrou com o presidente Lula [...] disse que tão logo concluídas as eleições [da França, em julho], eles poderão voltar a examinar [o acordo]", disse Vieira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotou posicionamento parecido no último final de semana, quando encerrava sua passagem pela Europa, onde participou de agendas na Suíça e na Itália. Durante viagem à região, o petista se reuniu com Macron e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Temos que aguardar. Até o companheiro Macron estava mais flexível quando se tratou de discutir o acordo. Ele [me] disse 'deixa as eleições passarem para a gente conversar'. Então eu volto com otimismo de que nós, do Mercosul, estamos prontos para assinar esse acordo e estamos certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, para o Mercosul e para os empresário e os governos da União Europeia", disse Lula no último sábado (15), durante coletiva de imprensa na Itália.
Mercosul e União Europeia negociam há mais de 20 anos um acordo de livre comércio que facilite as trocas comerciais entre os países dos dois blocos. As negociações, contudo, pouco avançaram e ainda enfrentam impasses. Quando retornou ao Executivo em 2023, Lula deu prioridade para a negociação e intensificou o diálogo com as partes europeias.
Ainda no ano passado, o Parlamento Europeu aprovou a inclusão de uma série de novas exigências ao acordo, que acabou travando as negociações.
Para este ano, com as votações para o Parlamento Europeu, analistas afirmaram à Gazeta do Povo que o Brasil pode encontrar novos percalços para a negociação. Após o pleito, partidos de direita mostraram um avanço e conquistaram novas cadeiras no órgão europeu. Com características protecionistas, o Mercosul pode ter mais dificuldades de negociar com os parlamentares de direita que passam a compor o Parlamento.
Questionado sobre a perspectiva das negociações daqui para frente com a mudança do cenário político na União Europeia, Vieira afirmou que não vê mudanças. "Eu acho que não estamos nem mais longe, nem mais perto. Estamos onde estávamos, os dois lados empenhados seriamente na conclusão do acordo que eu tenho a esperança que possa ser finalizado até o final deste ano", pontuou.
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