Walter Delgatti Neto, hacker conhecido pelo episódio da “vaza jato”, é aposta de governistas para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.| Foto: Reprodução/YouTube TV 247.
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O hacker Walter Delgatti Neto, alvo de três operações policiais, prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) nesta quinta-feira (17) como uma das principais apostas da bancada governista para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como suposto mentor de um golpe de Estado. Conhecido como “hacker de Araraquara” e também por "hacker da Vaza Jato", Delgatti ganhou notoriedade há quatro anos, por invadir contas de autoridades da Operação Lava Jato.

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No depoimento à CPMI, Delgatti afirmou que invadiu o sistema interno do Judiciário, que orientou as Forças Armadas na elaboração do relatório sobre as urnas eletrônicas e que aceitou assumir a responsabilidade de um suposto grampo contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido de Bolsonaro, com a promessa de receber indulto presidencial caso fosse criminalizado.

Preso em 2 de agosto pela Polícia Federal (PF), ele é acusado agora de envolvimento em um suposto esquema de mandados falsos de prisão do ministro Alexandre de Moraes, com apoio da deputada Carla Zambelli (PL-SP), mediante invasão do site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, ele é investigado por tentar forjar fragilidades do sistema eleitoral brasileiro, que seriam exploradas na campanha eleitoral de Bolsonaro.

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Delgatti já havia sido detido em 2019 na Operação Spoofing, onde confessou hackear diversas autoridades, incluindo o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol.

Em 2022, Delgatti se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir a possibilidade tecnológica de fraude nas eleições. Segundo ele, Carla Zambelli o instigou a invadir sistemas eleitorais e o celular de Alexandre de Moraes, ações estas que não teria concretizado. O hacker admitiu ser o autor da inserção de um decreto falso de reclusão contra o juiz do STF no Banco Nacional de Mandados Prisão do CNJ, a pedido da parlamentar.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, considerou as revelações da testemunha “bombásticas” e “sérias”, indicando um conluio para questionar as eleições e minar a confiança nas urnas eletrônicas. Ela pedirá a quebra de sigilos das pessoas presentes em reuniões de agosto de 2022, onde Delgatti teria se encontrado com Bolsonaro e outras personalidades, como o presidente do PL, Valdemar da Costa Netto. A senadora defende que o depoimento fortalece a possibilidade de indiciar Bolsonaro, aguardando mais quebras de sigilo, depoimentos e até acareações.

Em seu depoimento, Delgatti admitiu invadir o sistema judiciário para desmoralizá-lo, influenciar relatórios sobre as urnas eletrônicas e aceitar supostos pedidos de gravações de propaganda eleitoral.

Durante o depoimento, Delgatti também entrou em confronto com o senador Sergio Moro (União Brasil), acusando-o de ser um “criminoso contumaz” e de perseguir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moro respondeu que Delgatti é o “bandido” e “tão inocente quanto Lula”, mencionando a sua condenação pela invasão de mais de 170 dispositivos, incluindo conversas entre o senador e Dallagnol, que tiveram impacto legal. O hacker confirmou as acusações e disse, inclusive, que teria tido acesso a número ainda maior de dispositivos.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]