Defesa de Walter Delgatti diz que ele estuda uma delação premiada e que teria algumas provas da contratação por Carla Zambelli.| Foto: Lula Marques/EBC
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O hacker Walter Delgatti, preso na manhã desta quarta (2) durante a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), está estudando fechar um acordo de delação premiada com as autoridades.

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Ele é investigado por envolvimento em um suposto esquema para invadir e contestar a segurança das urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Delgatti, que foi responsável por acessar ilegalmente telefones celulares de autoridades envolvidas com a Operação Lava Jato no caso que ficou conhecido como “Vaza Jato”, diz que foi contratado pela deputada para executar a fraude no ano passado.

No entanto, ele não teria conseguido acessar o código das urnas, mas conseguiu acessar os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde inseriu documentos falsos de alvarás de soltura e de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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De acordo com o advogado Ariovaldo Moreira, que defende Delgatti pela prisão desta quarta (2), o hacker estaria estudando uma delação premiada sobre o esquema, desde que consiga comprovar as acusações já feitas no depoimento à Polícia Federal em junho, quando foi preso.

“Eu vou estar com o Walter hoje, nós vamos conversar durante a audiência de custódia às 17h, tentar alinhar se realmente é isso que ele quer, se ele tem provas a respeito. Porque uma delação premiada não basta ele falar, narrar os fatos. Ele tem que provar, pelo menos indícios de prova. Se o Walter entender que essa é a oportunidade em esclarecer o que realmente aconteceu, a vontade real, eu estou disposto sim a estar a frente dessa delação”, disse em entrevista à GloboNews.

O defensor de Delgatti afirmou que o hacker esteve várias vezes no Ministério da Defesa para supostamente trabalhar na comissão de auditoria que havia sido instalada para fiscalizar o sistema de votação das urnas eletrônicas. Um pouco mais cedo, Carla Zambelli confirmou que Delgatti se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que foi questionado sobre a segurança das urnas, mas negou que o hacker tenha participado de algo mais depois.

“Segundo ele sim, ele esteve no Ministério da Defesa e diz que tem prova disso”, disse reafirmando que a proposta para atuar na comissão foi feita “pela Carla Zambelli”. Ariovaldo disse, ainda, que o ofício do ministério enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas foi redigido pelo próprio Walter Delgatti.

“Segundo o Walter, foi ele que fez isso. Todos aqueles questionamentos foram feitos por ele. [...] Essa é a narrativa, a narrativa do Walter, quando da convicção do mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes, ele me deu detalhes de como foi feito”, concluiu.

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Pagamentos fora dos canais oficiais

De acordo com as investigações, o montante que Carla Zambelli teria pagado a Delgatti para prestar o suposto serviço de tentativa de invasão às urnas eletrônicas e, depois, aos sistemas do CNJ, foi de R$ 13,5 mil relatados por ele no depoimento à Polícia Federal. No entanto, Ariovaldo Moreira afirma que seria ainda mais, algo em torno de R$ 40 mil a R$ 45 mil, em que o irmão do hacker também teria sido remunerado.

Carla Zambelli disse que Delgatti havia sido contratado para prestar serviços de melhoria em seu site, como redes sociais e medidas de segurança, e remunerado com recursos próprios no valor de R$ 3 mil. O advogado questionou as circunstâncias dos pagamentos.

“Se o Walter prestava serviços para Carla Zambelli para cuidar de sua rede social, por que os pagamentos não eram de maneira oficial? Por que o Walter não tinha uma contratação oficial? Tem algum contrato entre Carla Zambelli e Walter? Quem fez os pagamentos, saiu da conta da Carla Zambelli? As pessoas precisam explicar o motivo, não tem sentido o dinheiro sair de um assistente”, questionou.

Segundo as investigações, Delgatti teria recebido os recursos dos ex-assessores Jean Vilela e Renan Goulart em transferências bancárias via PIX em outubro do ano passado.

Prisão mesmo com colaboração

Ainda segundo o advogado Ariovaldo Moreira, Walter Delgatti relatou que “teme pela vida dele”, e que está tentando conseguir uma vaga em uma ala segura do sistema prisional. Ele foi conduzido ao Centro de Detenção Provisória de Araraquara (SP), onde aguarda a audiência de custódia a ser realizada ainda nesta tarde.

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A defesa vai tentar, ainda, um recurso para conseguir a liberação dele da prisão com a alegação de que ele confessou e contribuiu para o andamento da investigação. Segundo Moreira, a prisão preventiva para que Delgatti não tenha acesso mais aos sistemas do CNJ não se justifica.

“Absurdo, a decisão do ministro Alexandre de Moraes é um tanto quanto abusiva. Me pegou de surpresa. Eu não esperava que o Walter fosse preso preventivamente em função desse crime que estão atribuindo a ele”, disse.

O advogado acredita que, caso Delgatti venha a ser condenado pela invasão ao sistema, pode ter a pena de três a cinco anos de prisão atenuada para um regime semiaberto por ter contribuído com a investigação.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]