Em depoimento na CPI do DF, Hacker Delgatti diz que Bolsonaro “sabia e solicitou” invasão ao CNJ| Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital
Ouça este conteúdo

Walter Delgatti Neto, hacker que invadiu o Telegram de membros da Operação Lava Jato, voltou a fazer acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira (14), em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

CARREGANDO :)

Ele afirmou que Bolsonaro “sabia e solicitou” a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de documentos falsos como o pedido de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Delgatti prestou depoimento por videoconferência diretamente do presídio de Araraquara, no interior de São Paulo, onde está preso desde o último dia 2 de agosto. Ele repetiu as mesmas acusações que já tinham sido feitas à CPMI do 8 de janeiro, no dia 17 de agosto, e relembrou a conversa com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, no qual o ex-mandatário teria falado sobre as urnas eletrônicas.

Publicidade

“Ele elogiou o que eu tinha feito com a Lava Jato. Sim, ele elogiou e disse que eu tinha missão que seria salvar a liberdade do povo. Então, tendo acesso [às urnas eletrônicas] e mostrando ao povo [a fragilidade do sistema] seria a liberdade do Brasil”, afirmou.

Sem apresentar qualquer provas, o hacker também disse haver um vínculo entre os ataques do dia 8 de janeiro e as movimentações para descreditar as urnas eletrônicas, e que enxerga participação do ex-presidente nesse processo. “A ideia era o caos. Desde antes, a ideia dele [Bolsonaro] caso não ganhasse era causar um caos a ponto de ser refeita a eleição ou então de continuar no poder sem ser por meio democrático, acredito”, afirmou Delgatti.

No depoimento, Delgatti também não poupou acusações contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e disse que tem conversas que provam o crime. Segundo o hacker, ela teria se aproximado dele para que ele invadisse o sistema do CNJ e inserisse informações falsas no sistema. “Existe uma conversa minha com a Carla, que ainda não saiu na mídia, em que ela confessa que realmente foi ela”, afirmou Delgatti, que disse que estaria avaliando com a defesa a possibilidade de entregar essa prova.

Apesar de todas as acusações, o hacker, que é um criminoso conhecido, não apresentou provas materiais de suas alegações.

A Gazeta do Povo tenta contato com a assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro e a deputada Carla Zambelli para saber se irão se pronunciar sobre as acusações.

Publicidade

Após a operação da PF, no início de agosto, contra o hacker e a deputada Zambelli, a parlamentar negou qualquer envolvimento e disse que os únicos serviços prestados por Delgatti foram para melhorias tecnológicas em seu site.

No dia 28 de agosto, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou uma queixa-crime contra o hacker Delgatti, após ele acusar e afirmar em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, que o ex-mandatário pediu que ele assumisse a autoria de um suposto grampo ao celular do ministro Alexandre de Moraes.