Presos na Operação Spoofing no dia 23, o DJ Gustavo Henrique Elias Santos e sua companheira, Suelen Priscila Oliveira, relataram ao juiz Vallisney Oliveira que sofreram agressões psicológicas praticadas por agentes da Polícia Federal (PF).
Os dois participaram de uma audiência de custódia na manhã desta terça-feira (30) na Justiça Federal de Brasília e tiveram os pedidos de revogação das prisões negados. A Operação Spoofing investiga o hackeamento de celulares de autoridades como o ministro da Justiça, Sergio Moro.
Com base no relato, o Ministério Público Federal (MPF) vai investigar se houve abuso de autoridade por parte dos policiais. Também será investigado se houve descumprimento de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso de algemas em presos durante o transporte para Brasília.
"A polícia não deixava a gente nem escovar os dentes"
Os quatro presos pela Operação Spoofing relataram que ficaram algemados durante todo o trajeto de São Paulo até Brasília – o que contraria a decisão do STF. Gustavo e Suelen também relataram agressões psicológicas. “A polícia não deixava a gente nem escovar os dentes”, disse Gustavo durante a audiência.
“Fisicamente me trataram super bem, mas psicologicamente fui bem agredido verbalmente”, disse Gustavo. Ele afirmou que foi chamado de bandido e hacker, além de ser alvo de “piadinhas” dos agentes da PF.
Gustavo também relatou que, durante sua prisão, foi impedido de se vestir. “Eu estava dormindo pelado e não deixavam de jeito nenhum eu pôr uma roupa. Não deixaram eu colocar uma cueca”, contou o DJ durante a audiência.
O casal também relatou ter sido impedido pela PF de contatar um advogado. “Desde o momento em que entram em casa eu pedi para ligar pro advogado, pra falar com minha mãe, alguém para me dar um suporte. E não deixaram”, disse Gustavo.
Suelen será transferida
Na audiência de custódia, Suelen também relatou ter sido vítima de maus tratos. Ela chorou durante quase todo o tempo em que foi ouvida pelo juiz federal. “Me trataram mal, me fizeram muitas piadinhas, fiquei sem papel higiênico, sem absorvente, tive que tomar água do chuveiro na penitenciária”, disse. Diferentemente dos demais presos na Operação Spoofing, Suelen estava presa em uma penitenciária feminina em Brasília.
Com base no relato de Suelen, o juiz autorizou a transferência dela de volta para a sede da Polícia Federal. O magistrado também determinou que todos os presos tenham direito a uma hora de banho de sol por dia.
Demais presos não relataram abusos
Os demais presos pela Operaçãpo Spoofing não relataram abusos por parte dos agentes da PF. Danilo Marques afirmou apenas que foi constrangido, ao ser preso enquanto participava de um processo seletivo para conseguir um emprego em Araraquara (SP).
Apontado como o líder do grupo de hackers, Walter Delgatti Neto disse que os policiais que tiveram contato com ele foram educados. Ele ressaltou que confessou sua participação sozinho nos crimes investigados por livre e espontânea vontade.
Os quatro acusados devem permanecer presos pelo menos até a quinta-feira (1), quando vence o prazo das prisões temporárias.