Pelo menos quatro autoridades foram alvo de invasões no aplicativo de mensagens Telegram pelo mesmo grupo que invadiu a conta do ministro da Justiça, Sergio Moro, segundo investigações da Polícia Federal (PF). Apesar de duas delas, além de Moro, terem ligação com a Operação Lava Jato, as investigações até agora não apontam que o mesmo grupo tenha hackeado o celular do procurador-chefe da força tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.
Segundo despacho do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, entre os hackeados está o desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2). Ele é relator da Lava Jato em segunda instância no Rio de Janeiro.
O juiz federal do Rio de Janeiro Flávio Lucas também é apontado como vítima das invasões. Ele já atuou no gabinete de Gomes, substituindo o desembargador em período de férias e atualmente é juiz na 18.ª Vara Federal Cível do Rio de Janeiro.
Outras autoridades hackeadas foram os delegados da Polícia Federal Rafael Fernandes (lotado na Superintendência da PF de São Paulo) e Flávio Vieitez Reis (da Polícia Federal de Campinas).
O nome das autoridades hackeadas consta da decisão judicial de Vallisney Oliveira que autorizou as prisões de quatro suspeitos pelo crime. Na terça-feira (23), a Polícia Federal (PF) prendeu temporariamente – por cinco dias –Walter Delgatti Neto, Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira.
Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil vem publicando uma série de reportagens contendo supostas mensagens trocadas pelo Telegram entre Deltan e membros da força-tarefa da Lava Jato e entre o procurador e Moro, que era juiz da operação até o final do ano passado. Cinco dias antes de as matérias começarem a ser publicadas, houve uma tentativa de invasão do celular do ministro da Justiça, que acionou a Polícia Federal (PF) investigar o caso.
Na decisão que autorizou a prisão, o juiz federal descreve como as contas no Telegram foram invadidas pelo grupo.
Prisões e quebras de sigilo
A Justiça Federal autorizou a prisão temporária de quatro suspeitos. Segundo a decisão de Vallisney, os investigados deverão ser soltos automaticamente após o prazo de cinco dias, a menos que seja autorizada expressamente a prorrogação das prisões ou a conversão das medidas em prisão preventiva – que não tem prazo de duração.
Vallisney também autorizou a realização de buscas e apreensões em endereços ligados aos suspeitos. Na casa de Gustavo Henrique Elias dos Santos, a PF encontrou R$ 100 mil em espécie durante as buscas da terça-feira (23).
O juiz autorizou, ainda, a quebra de sigilo telemático e bancário dos quatro suspeitos, além do bloqueio de ativos financeiros superiores a R$ 1 mil. Durante as investigações, a PF encontrou movimentações suspeitas de R$ 600 mil em contas de dois dos suspeitos presos.