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COP28

Haddad diz que colonização do passado reflete nas mudanças climáticas atuais

Fernando Haddad
Ministro da Fazenda diz que países do "Sul Global" não podem ser responsabilizados por mudanças climáticas. (Foto: Edu Andrade/Ministério da Fazenda)

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O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse nesta sexta (1º) que o processo de colonização do Brasil e de outros países do “Sul Global” reflete nas mudanças climáticas vividas atualmente pelo mundo. A afirmação foi dada durante o lançamento do “Plano de Transformação Ecológica do Brasil”, na COP28 em Dubai.

Segundo o ministro, o plano propõe uma “nova globalização” que seja “ambientalmente sustentável e socialmente inclusiva”. Haddad ressaltou a importância de reformular os fluxos financeiros globais, colocando o Sul como centro da economia verde.

No início do discurso, Haddad enfatizou a necessidade de superar a “pesada herança colonial” do Brasil, citando o desmatamento e a exploração de indígenas e africanos escravizados no período colonial. Ele argumentou que o "Sul Global" não deve arcar sozinho com os custos da crise climática, considerando as consequências ambientais e humanas do passado.

“Os efeitos ambientais e humanos da extração de todos esses produtos [açúcar, ouro e café], que eram majoritariamente consumidos no Norte Global e tiveram um papel fundamental na história do desenvolvimento desses países, foram sentidos no Brasil, na América Latina e na África. Por isso, é tão injusto que os países do Norte agora queiram que o Sul Global pague os custos da crise climática em que vivemos”, pontuou.

O plano apresentado na COP28 é estruturado em cinco eixos principais: financiamento sustentável, desenvolvimento tecnológico, bioeconomia, transição energética, economia circular e infraestrutura e adaptação às mudanças climáticas. Dentre as medidas propostas, destacam-se a criação de um mercado regulado de carbono, incentivo à inovação tecnológica nas universidades, ampliação de concessões florestais, eletrificação de frotas de ônibus e estímulo à reciclagem.

Haddad ressaltou que o Brasil necessita de investimentos anuais entre US$ 130 bilhões e US$ 160 bilhões nos próximos 10 anos, especialmente em infraestrutura, para realizar a transformação ecológica. E destacou o histórico do país na mobilização de investimentos sustentáveis, como os realizados nas hidrelétricas e na indústria do etanol.

“A boa notícia é que temos um histórico de capacidade de mobilização de investimentos e de criação de infraestrutura sustentáveis”, disse.

A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, presente no evento, enfatizou a importância de unir economia e ecologia para enfrentar as mudanças climáticas. “Já temos a tecnologia para isso, já temos boa parte da resposta técnica e agora nós estamos juntando resposta técnica com compromisso ético e político do presidente Lula de liderar pelo exemplo”, afirmou.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi apontado como um dos principais instrumentos de financiamento do plano, segundo o presidente da instituição, Aloizio Mercadante. Ele enfatizou o desejo de um "Brasil verde e descarbonizado" e afirmou que o BNDES estará na linha de frente do financiamento.

A COP28, que contou com a participação da ex-presidente Dilma Rousseff e de Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), também anunciou a realização da COP30 em Belém, em 2025.

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