Armas de fogo são a principal causa de homicídios no país.| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo
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Uma pessoa foi assassinada no Brasil a cada 10 minutos no primeiro semestre deste ano. Em comparação com os seis primeiros meses de 2019, houve um aumento de 7% no número de homicídios. No total, foram 25.712 assassinatos entre janeiro e junho de 2020. Os números voltaram a crescer depois de dois anos seguidos de queda.

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Os dados de homicídios no país foram divulgados nesta segunda-feira (19) no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). São considerados no índice as mortes violentas: homicídio doloso (com intenção de matar), latrocínio (roubo seguido de assassinato), lesão corporal seguida de morte e morte por policiais. As informações do anuário são compiladas a partir de dados dos governos estaduais.

O número de morte de policiais também cresceu no primeiro semestre. Entre janeiro e junho, 110 policiais foram assassinados no Brasil. No mesmo período do ano passado, foram 92 – aumento de 19,6%.

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Do outro lado, o número de mortes causadas por policiais também cresceu em 2020. No primeiro semestre de 2019, foram 3.002. Já neste ano, até junho, 3.181 pessoas perderam a vida pelas mãos da polícia – um aumento de 6%. Esse número vem em alta desde 2013. Durante todo o ano passado, os policiais brasileiros foram responsáveis por 13,3% das mortes violentas em todo o país.

Os negros são os que mais morrem por causa da polícia. Enquanto a taxa de brancos assassinados por policiais é de 1,5 a cada 100 mil habitantes, na população negra essa taxa é de 4,2.

Ceará puxou índice de homicídios para cima em 2020

Apesar de ter apresentado uma redução expressiva nos homicídios em 2019, o Ceará puxou a taxa média de homicídios no Brasil para cima no primeiro semestre de 2020.  O estado teve um crescimento em 97% dos casos de assassinatos no primeiro semestre de 2020, em comparação com o ano passado.

O Ceará registrou 1.050 mortes a mais nos primeiros seis meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2019. O estado foi responsável por 68% das mortes a mais no Brasil – 1.700 a mais em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Violência contra a mulher aumenta durante a pandemia

A violência contra a mulher cresceu no primeiro semestre de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Os registros de violência doméstica nas delegacias caíram 9,9% em relação aos seis primeiros meses de 2019. Mas isso pode ser explicado pelo temor de sair às ruas por causa do coronavírus. Outro dado indica o aumento de 3,8% dos chamados para o 190 para atender a casos do tipo. Ao todo, foram 147.379 acionamentos da Polícia Militar para casos de violência doméstica entre janeiro e junho. Ou seja, com medo de contrair a Covid-19, as vítimas passaram a acionar mais o atendimento telefônico.

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O número de casos de feminicídio também aumentou no primeiro semestre de 2020. Foram 648 vítimas nos primeiros seis meses de 2019 – um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Redução de outros crimes

Enquanto o número de homicídios e feminicídios cresceu no primeiro semestre de 2020, os crimes de roubo apresentaram redução no período. Os casos de roubos a pedestres caiu 34%. Os roubos de veículo caíram 22,5%. O roubo de cargas também apresentou uma redução de 25,7%.

Também houve redução de 18,8% dos registros de roubos a comércios. Já os registros roubos a residências caíram 16% no primeiro semestre.

2019 foi o com menos mortes da década

O ano de 2019 foi o que registrou o menor número de mortos em nove anos, com 47.773 mortes violentas nos doze meses – uma taxa de 22,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. Quando se analisa proporcionalmente a população, 2019 foi o ano com menos mortes na década. Houve uma redução de 17,7% em relação a 2018.

Foram registrados no ano passado 39.561 homicídios, 1.577 latrocínios (roubo seguido de morte) e 172 policiais assassinados. O número de mortos por intervenções policiais foi de 6.357, 13% do total de mortes violentas do ano.

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São Paulo foi o estado com a menor taxa de assassinatos no ano passado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estado fechou o ano com um índice de 8,9 casos a cada 100 mil habitantes.

A taxa mais alta de homicídios foi do Amapá: 49,7 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Mesmo assim, houve redução – em 2018 essa taxa era de 58,3.

A maior redução na taxa de homicídios de 2018 para 2019 foi no Ceará. O estado passou de uma taxa de 52,8 para cada 100 mil habitantes em 2018 para 26,9 no ano passado.

Roraima, que em 2018 tinha uma taxa de homicídios de 66,6 casos a cada 100 mil habitantes, terminou o ano passado com um índice de 35 para cada 100 mil.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Perfil das vítimas dos homicídios em 2019: negro e jovem

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também traça um perfil das vítimas dos homicídios no Brasil em 2019. Segundo os dados coletados, 74% dos mortos são negros e 25%, brancos.

A maior parte dos assassinados no ano passado estava na faixa dos 20 aos 29 anos: 36% do total. Jovens entre 15 e 29 anos foram 14% das vítimas e menores de 14 anos correspondem a 2% dos mortos. Outros 24% das vítimas tinham entre 30 e 39 anos; 13% tinha de 40 a 49 anos e 11% tinha 50 anos ou mais.

A maior parte das mortes foi causada com uso de armas de fogo: 73%. Outros 19% dos assassinatos foram cometidos com o uso de armas brancas e 8% com o uso de outros instrumentos.

Mas o perfil muda quando se analisa cada tipo de ocorrência. No caso do latrocínio, a maior parte das vítimas era de homens (89%), negros (55,8%) com mais de 60 anos (25,7%).

No caso das vítimas de intervenções policiais, a maior parte são homens (99,2%), negros (79,1%), com até 29 anos (74,3%).  Já entre os policiais assassinados em 2019, a maioria era homem (99%), negro (65,1%), com idade entre 30 e 49 anos (55,2%).

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