A falta de leitos de UTI é um desafio real para o Brasil quanto mais a expansão do coronavírus no país aumenta a pressão sobre o sistema de saúde. Segundo informou o Ministério da Saúde em março, o Brasil tem uma oferta de 55.101 leitos de unidades de terapia intensiva, dos quais 27.445 são do SUS (Sistema Único de Saúde), mas 78% do total de leitos já estão ocupados, boa parte com pacientes de Covid-19.
Uma das saídas a que governos municipais, estaduais e federal têm recorrido é montar hospitais de campanha improvisados para atender a casos da Covid-19. Mas, por enquanto, há muita promessa e pouca realidade.
Em levantamento feito pela Gazeta do Povo, governos estaduais, prefeituras de capitais e o governo federal já anunciaram 63 hospitais de campanha. Até agora, só nove deles estão em funcionamento, com 1.376 leitos disponíveis (considerando leitos de todos os tipos, e não só de UTI).
Prefeitos de capitais, governadores e a União já anunciaram, em conjunto, mais de 11 mil leitos para esses hospitais de campanha, mas a maioria tem previsão de entrega só para depois do fim de abril. Relatório técnico assinado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, prevê "um pico importante" de casos da Covid-19 no Brasil a partir de maio.
SP e Pará têm o maior número de leitos em hospitais de campanha funcionando
Os dois estados com a maior quantidade de leitos já funcionando em hospitais de campanha são Pará, com 420, e São Paulo, com 526. Os 420 leitos paraenses estão todos no maior hospital de campanha já em funcionamento no Brasil, em Belém, no centro de convenções Hangar.
Os leitos de São Paulo funcionando até agora incluem 200 do estádio do Pacaembu e 356 do Anhembi. Em breve, o estado deve aumentar ainda mais sua quantidade de leitos em hospitais de campanha, já que a estrutura do Anhembi ainda está em expansão, e as autoridades municipais da capital paulista preveem que 1.800 leitos funcionem no local.
Goiás e Pernambuco também se destacam
Depois de São Paulo e Pará, Goiás e Pernambuco são os estados com mais leitos de hospitais de campanha já em funcionamento, considerando apenas os números do governo e das prefeituras de capitais.
O governo de Goiás e a prefeitura de Goiânia preveem, no total, dez hospitais de campanha com um total de 1.100 leitos. O estado já tem 200 leitos em funcionamento no Hospital de Campanha (HCamp) em Goiânia, e ainda contará com 200 leitos de um hospital de campanha montado pela União em Águas Lindas (GO), próximo ao Distrito Federal.
Pernambuco prevê 531 leitos em sete hospitais de campanha montados todos por iniciativa da prefeitura de Recife, e já tem 186 leitos em funcionamento em quatro hospitais.
A prefeitura do Rio de Janeiro e o governo fluminense já prometeram, em conjunto, nove hospitais de campanha e 2.300 leitos, mas, até o fechamento desta reportagem, nenhum tinha sido inaugurado. Até este domingo (12), o Rio já tinha registrado 2.855 casos da doença, com 170 mortos.
Um colapso na rede fluminense é uma das grandes preocupações das autoridades. Os hospitais do estado do Rio já tem 70% dos leitos de UTI ocupados por pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Governo federal construirá hospitais de campanha em Goiás e no Amazonas
Além dos hospitais de campanha de governos estaduais e prefeituras, o Brasil também contará com hospitais de campanha financiados pela União.
O hospital de campanha de Águas Lindas, em Goiás, serve como piloto para possíveis projetos semelhantes no resto do país. No sábado (11), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, visitou a construção desse hospital junto com o presidente Jair Bolsonaro. Durante a vistoria, anunciou que o governo federal vai construir um hospital de campanha parecido em Manaus. Ambos contarão com 200 leitos de terapia semi-intensiva.
O Amazonas é o estado com maior incidência de mortes por Covid-19 no Brasil. Por enquanto, são 13 mortes a cada 1 milhão de habitantes no estado. No país como um todo, esse coeficiente é de 5.
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