O senador e ex-vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), disse que a chamada “trama golpista” envolvendo militares no fim de 2022 foi, na verdade, uma “conspiração bem tabajara” e que até “houve pensamento” de impedir a posse do novo presidente da República, mas “não passou disso”.
“É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp. Em tese, houve reuniões, mas não levaram à nenhuma ação. Na linguagem militar, nós definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, afirmou Mourão em entrevista ao jornal O Globo.
A entrevista foi concedida no sábado (14), antes da prisão do colega de farda, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) em 2022.
Na entrevista, Mourão ressaltou que para obter sucesso o suposto plano de golpe necessitaria de apoio do alto comando, o que não aconteceu.
“Claro que seria [necessário]. Como funcionaria um golpe? Você vai fazer o quê? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça”, afirmou Mourão.
“A realidade é o seguinte: houve um processo eleitoral, tem uma parcela da população descrente desse processo, mas, quando você soma prós e contras, o processo eleitoral foi esse. Os dois lados participaram ativamente, houve uma derrota eleitoral e tem de ser encarada dessa forma. E as Forças Armadas, como instituição de Estado, que não pertence ao governo A ou B, permaneceram à margem disso”, continuou.
Investigação da PF
Questionado sobre as conversas apreendidas pela Polícia Federal (PF) que indicariam um plano para assassinar do presidente Lula (PT), do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Mourão disse que as informações estão “fora de contexto”.
“Essa investigação da PF, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. A gente nunca sabe o contexto em que isso foi efetivamente tratado. Os que estão indiciados, me parece um grupo pequeno e que não tinha a mínima condição de executar aquilo que em tese estaria dito que eles iriam executar”, disse o senador.
“E também me chama a atenção a questão de que eles diziam ‘vamos ter armas, mas vamos matar por envenenamento’. Então para que ter arma? São coisas surreais, na minha visão. Eu desconhecia toda e qualquer conversa nesse sentido. Eu sabia que havia reuniões no Palácio da Alvorada depois do segundo turno, na época o presidente com os comandantes, o Braga Netto, mas desconheço os assuntos”, completou.
Ministro da Defesa e eleições
Ao ser perguntado sobre o ministro da Defesa escolhido por Lula, Mourão disse que a escolha do ministro José Múcio foi “acertada” e que considera o trabalho desempenhado por Múcio “admirável”.
Questionado sobre eventual reeleição de Lula, o senador disse que o petista venceu Bolsonaro em 2022 “por deficiências” do grupo aliado do ex-presidente.
“Bolsonaro perdeu mais por idiossincrasias que ocorreram ao longo do mandato do que pelo Lula [...] Questões que enfrentamos na pandemia, que geraram frisson na sociedade, e pessoas deixaram de votar. A direita tem de se unir. Com união, temos total condição de vencer”, afirmou.
Por fim, Mourão negou que tenha se distanciado de Bolsonaro por conta de desentendimentos durante o governo passado e disse ainda ter expectativas sobre a reabilitação eleitoral do ex-presidente.
“Neste país tudo é possível. Vamos lembrar que até dois anos antes da eleição o presidente Lula também não poderia se eleger. Os nomes estão voando e vai chegar um momento em que será necessária uma junção de forças. O que não pode é nos apresentarmos divididos”, finalizou.
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