A esplanada dos ministérios, vista a partir do Congresso Nacional| Foto: Ana Volpe/Agência Senado
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O isolamento social, recomendado por especialistas e pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS) como a forma mais eficaz de combate ao novo coronavírus, pode provocar uma queda de até 39,3% na arrecadação de impostos no Brasil. O número é resultado de um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), e considera as receitas tributárias da União, dos estados e dos municípios do país.

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No documento, o IBPT projeta quatro cenários de impacto na arrecadação a partir da crise do novo coronavírus. O ponto de partida é o que foi previsto pelo governo na Lei Orçamentária Anual de 2020, que se baseava na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2,32%. Nesse contexto, a projeção era de uma arrecadação de R$ 2,8 trilhões em impostos, sendo a maior parte (61,6%) em tributos federais.

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Diante do aumento do número de casos da Covid-19 em todo o mundo, e também no Brasil, o próprio governo já reduziu a projeção de crescimento para baixo, e prevê estagnação da economia em 2020. Previsões de agências de classificação de risco, do mercado financeiro e de organismos internacionais, entretanto, apontam para um crescimento negativo.

Os cenários desenhados pelo IBPT para a arrecadação de impostos

No estudo, o Instituto projetou quatro cenários de impacto da crise sobre a arrecadação de impostos, tendo como principal variável o período de isolamento social ao qual o país terá de ser submetido. No pior deles, com o isolamento sendo mantido até o final de julho, a arrecadação total diminuiria para R$ 1,70 trilhão, o que representa queda de 39,3%.

CenárioDuração do IsolamentoArrecadação total (em R$)% de perdas
LOA 2020- 2,8 trilhões-
Cenário 1Até o final de abril2,06 trilhões26,5%
Cenário 2Até o final de maio1,89 trilhão32,4%
Cenário 3Até o final de junho1,81 trilhão35,3%
Cenário 4Até o final de julho1,70 trilhão39,3%

Como a queda na arrecadação de impostos vai afetar os entes federativos

As projeções do IBPT estimaram, ainda, a perda de arrecadação para os entes federativos por conta da crise. De modo geral, a União seria mais penalizada, mas as perdas de estados e municípios são, proporcionalmente, próximas às do governo federal.

CenárioPerda da União (em R$)Perda dos estados (em R$)Perda dos municípios (em R$)Total
1 (até abril)464,7 bilhões (27%)205 bilhões (26,5%)71 bilhões (24%)741 bilhões (26,5%)
2 (até maio)566,5 bilhões (32,9%)248 bilhões (32%)91,8 bilhões (30,6%)906,4 bilhões (32,4%)
3 (até junho)616,5 bilhões (35,8%)271,7 bilhões (35%)101,4 bilhões (33,8%)989,7 bilhões (35,3%)
4 (até julho)683,2 bilhões (39,6%)303,2 bilhões (39%)114,2 bilhões (38%)1,1 trilhão (39,3%)
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Metodologia do estudo do IBPT

Para fazer os cálculos, o IBPT considerou, além da previsão da LOA, a participação de cada setor na economia, a partir de dados da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); e também o decreto do governo de Jair Bolsonaro que definiu as atividades consideradas essenciais, ou seja, que não podem ser paralisadas durante o isolamento.

Foram considerados, ainda, o Relatório da Arrecadação por Divisão Econômica do CNAE da Secretaria da Receita Federal; o Boletim de Arrecadação dos Tributos Estaduais do Conselho Nacional de Política Fazendária do Ministério da Economia (Confaz); e as medidas de mitigação da crise anunciadas pelo governo federal até o dia 23 de março.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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