A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos repercutiu nesta sexta-feira (30) na imprensa internacional. Os veículos salientaram os votos dos ministros do TSE contra o ex-mandatário brasileiro e também mencionaram alguns dos possíveis candidatos da direita que poderão ser apoiados por Bolsonaro em 2026.
No julgamento, a maioria dos ministros da Corte Eleitoral considerou que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao questionar a segurança do sistema eleitoral brasileiro em uma reunião com embaixadores em julho do ano passado.
O jornal norte-americano The New York Times afirmou que a decisão do TSE removeu “um dos principais candidatos da próxima disputa presidencial" e desferiu um golpe significativo no movimento que o veículo chamou de "extrema direita". Além disso, o NYT destacou que a decisão desta sexta é mais uma prova de que o presidente da Corte Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, se tornou “um dos homens mais poderosos do Brasil”.
“A decisão é uma repreensão afiada e rápida do Sr. Bolsonaro e seu esforço para minar as eleições do Brasil. Há apenas seis meses, o Sr. Bolsonaro era presidente de uma das maiores democracias do mundo. Agora, sua carreira como político está em risco”, diz a reportagem.
No The Washington Post, Bolsonaro foi chamado de "Trump dos trópicos". A publicação disse que a decisão do TSE é a primeira de muitas investigações contra o ex-mandatário brasileiro. O jornal ressaltou que Bolsonaro "afirmou sem provas que os sistemas de votação no maior país da América Latina eram vulneráveis a fraudes".
“Ninguém no Brasil mostrou a capacidade de Bolsonaro de energizar a direita. Mas seus aliados já estão buscando seu substituto. Eles esperam que apresentar o ex-presidente como vítima de um sistema corrupto fortaleça sua causa. Um candidato para sucedê-lo, dizem os apoiadores, é sua esposa, Michelle Bolsonaro”, disse o The Washington Post.
O jornal britânico The Guardian destacou que o futuro político do ex-presidente “foi colocado em dúvida”. A reportagem também apontou possíveis nomes para substituir Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2026, como o da ex-primeira-dama Michelle, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entre outros.
“A marginalização de Bolsonaro, a figura dominante na direita brasileira, gerou especulações sobre quem pode herdar os formidáveis 58 milhões de votos que recebeu no ano passado”, diz o Guardian.
O El País, jornal espanhol, afirmou que a decisão do TSE contra Bolsonaro "encurtou a carreira política do líder da direita". A publicação, que classificou o ex-presidente como “ultradireitista”, também destacou que a possibilidade de reverter a condenação é praticamente nula.
O jornal argentino Clarín ressaltou que “Bolsonaro enfrenta outros 16 casos na Justiça Eleitoral e é investigado no Supremo Tribunal Federal em vários processos, incluindo a fraude em sua carteira de vacinação contra Covid-19, a megacausa da fake news aberta em 2019 e a tentativa de golpe de 8 de janeiro, pela qual ele já depôs perante a Polícia Federal”.
O Diário de Notícias, jornal português, destacou a escolha pelo substituto de Bolsonaro para 2026. “Como a condenação já era um cenário provável, Bolsonaro e o seu partido, o PL, planejam as próximas eleições municipais, em 2024, sob o mote de suposta ‘perseguição política’”, diz a matéria.
“E o partido prepara também as presidenciais de 2026 sem o inelegível Bolsonaro e, talvez, sem Lula, que em campanha prometeu não concorrer à reeleição mas dá agora sinais de que não vai cumprir a promessa”, apontou a publicação.
O jornal alemão Deutsche Welle destacou o voto “contundente” de Moraes durante o julgamento. “O TSE, frisou [Moraes], demonstrou hoje ‘repulsa ao degradante populismo renascido das chamas dos discursos de ódio, antidemocráticos, que propagam infame desinformação produzida, por verdadeiros milicianos digitais’, reafirmando a ‘fé na democracia e no Estado de Direito’, destacou o jornal do discurso do ministro.
A publicação francesa Le Monde também falou sobre as opções para a direita nas próximas eleições presidenciais com Bolsonaro fora do pleito. “A questão da liderança do campo de Bolsonaro já se coloca. Nenhuma figura se destaca por enquanto, mas o bolsonarismo está mais arraigado do que nunca. Os partidos de direita e extrema-direita são ainda mais fortes no parlamento do que eram sob Jair Bolsonaro”, apontou o jornal.
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