O ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, afirmou nesta quinta (3) que o crime organizado está aliciando indígenas da região amazônica para o cometimento de crimes como de tráfico de pessoas, drogas, garimpos e desmatamento ilegal e grilagem de terras públicas.
De acordo com ele, muitos deles estão sendo cooptados voluntariamente ou mesmo “supostamente inocentemente” para o cometimento destes crimes. “De certa maneira, eles que são conhecedores da região estão sendo cooptados ou até manipulados por essas organizações criminosas”, disse Lewandowski em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Ele afirmou que o governo está atento a esse avanço do crime organizado na região amazônica, mas que o combate é difícil dado à extensão da região e à própria atuação das organizações criminosas.
R$ 1 bilhão contra o crime na Amazônia
Ricardo Lewandowski explicou que estes atos são monitorados pelas autoridades e farão parte do escopo de atuação de um plano de segurança que está sendo implementado pelo governo, chamado de “Amazônia Segurança e Soberania”.
O plano envolve os nove estados que fazem parte da Amazônia Legal e mais nove países que a circundam, e terá um “centro internacional de segurança pública” que será lançado em breve com representantes destes estados e países. Ainiciativa recebeu recentemente um aporte de R$ 316 milhões do Fundo Amazônia, por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e terá mais cerca de R$ 700 milhões previstos.
“Vão fazer um trabalho integrado não só no combate ao tráfico de drogas, de pessoas, ao garimpo ilegal, ao desmatamento ilegal. [...] E a cobertura de satélites bastante ampla com uma imagem muito detalhada onde conseguimos acompanhar não só os desmatamentos e garimpos ilegais, as grilagens de terras, mas é um trabalho árduo, difícil, que toma tempo”, pontuou.
Crime organizado além das fronteiras
O ministro Ricardo Lewandowski ainda lembrou que parte dessas organizações agem não somente no Brasil, mas também em outros países, num fenômeno mundial. Apontou que o governo já mapeou 27 grupos que agem nas penitenciárias ora em conjunto e ora rivais, e que o ministério está fazendo um trabalho intenso de combate através da inteligência.
“O crime organizado migra da ilegalidade para a legalidade, como combustíveis, montando empresas de construção, participando de licitações publicas, distribuição de cigarros contrabandeados, internet por cabeamento ilegal cobrando das pessoas, na clandestinidade, é um fenômeno que tem que ser combatido com inteligência”, apontou.
Ele também ressaltou que as organizações agem no mundo cibernético – mais difícil de ser combatido – com o uso de criptomoedas e modalidades de pagamento que fogem do controle da sociedade. Para isso, assinou um termo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para combater fraudes – como as realizadas através do PIX – e com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para apertar o controle sobre tabeliões de notas e de imóveis para que comuniquem o ministério sobre movimentações atípicas.
“É um trabalho árduo, é um fenômeno das organizações criminosas e milícias locais é relativamente novo. Há alguns anos ninguém imaginava que existiam milícias, [...] essa conjunção entre autoridades públicas, sobretudo policiais militares e civis que ora trabalham na legalidade e ora na ilegalidade, é um fenômeno novo que está sendo estudado”, completou.
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