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Indígenas da aldeia Muruary, do Baixo Tapajós, no Pará, protestaram nesta terça-feira (7) contra a viabilidade da ferrovia, EF 170, a Ferrogrão, esfregando urucum no rosto de participantes de um seminário que debatia o assunto, na Universidade do Oeste do Pará.
O vídeo com imagens do protesto circulou pela internet e foi publicado pelo membro da aldeia, João Kumaruara. A reação dos participantes foi de espanto, mas não houve nenhuma afronta.
“Esse gesto representou uma oposição veemente a essa proposta de desenvolvimento que busca abrir uma extensão de 900 mil hectares entre o Mato Grosso e o Pará na Amazônia. Os impactos desse empreendimento afetarão diretamente não apenas as aldeias indígenas que residem na região”, escreveu o indígena na publicação.
A pressão dos indígenas tem pressionado o governo federal a adiar o andamento do projeto sobre a ferrovia na região.
O projeto da Ferrogrão prevê a construção de uma ferrovia de 933 km para ligar o Porto de Miritituba (PA) ao município de Sinop (MT). Ele estava paralisado desde 2021, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu uma liminar - a pedido do Psol - para paralisar o avanço dos estudos e contratação da obra. A ministra Sonia Guajajara é filiada ao Psol de São Paulo.
Já em setembro de 2023, o STF suspendeu a tramitação da ação do Psol contra a ferrovia por seis meses, para que os estudos e as atualizações sugeridos no processo fossem concluídos. Agora, o avanço do projeto dependerá da consulta aos povos indígenas da região.
Esse é um dos grandes projetos de obras de infraestrutura na Amazônia que vem recebendo pressão de ONGs brasileiras. A EF-170, mais conhecida como Ferrogrão, pode se tornar um importante corredor de escoamento da produção agrícola da região Norte do país. Concebido durante o segundo governo da ex-presidente Dilma Rouseff (PT), passados quase 10 anos, a obra não foi sequer iniciada.
Matéria da Gazeta do Povo mostrou que a esquerda, em especial o Psol, e ambientalistas são contra a ferrovia pelo fato de que ela percorrerá um trecho de 53 km da borda de uma reserva indígena, o que irá exigir o uso de 862 hectares para leito e faixa de domínio dos trilhos.