Um grupo de indígenas invadiu fazendas na manhã desta quinta-feira (17) no município de Guaíra, no oeste do Paraná,e agrediu com paus e pedras dois agricultores que faziam o plantio da safra de verão.
A região convive há quase duas décadas com uma intensa frente de invasões de terras por índios. Os casos começaram a se intensificar desde a derrubada da tese do Marco Temporal pelo Supremo Tribunal federal (STF) no ano passado.
Neste momento, somente em Guaíra e cidades próximas que ficam na faixa de fronteira com o Paraguai, existem 22 áreas ocupadas ilegalmente pela etnia Avá-Guarani que reivindica a demarcação de cerca de 32 mil hectares, ou seja, 320 quilômetros quadrados, para a criação de um território no entorno. Os índios foram atraídos para a região depois que a Funai sinalizou disposição para criar uma reserva indígena na área.
A região passou então a ser palco de inúmeros conflitos com ocupações de áreas públicas e particulares e a tensão tem escalado nos últimos meses com cenas de enfrentamentos se repetindo com frequência.
No caso desta manhã, de acordo com relato dos familiares dos agricultores, os homens chegaram para iniciar o cultivo e foram abordados pelos índios que os impediram de entrar com as máquinas no campo. Os agricultores revidaram e acabaram ferindo dois indígenas, segundo a polícia. Os produtores rurais tiveram ferimentos considerados graves e foram encaminhados para hospitais da região. Os indígenas recusaram encaminhamento médico.
Não está claro o interesse dos índios tentarem impedir o processo de plantio nas fazendas, mas agricultores da região dizem suspeitar que a ideia é tentar quebrar os fazendeiros fnanceiramente, já que sementes e insumos já foram comprados e sua perda pode inviabilizar a continuidade do negócio. A reportagem não conseguiu fazer contato com as lideranças indígenas.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) criticou a inércia do governo federal para tratar do tema, lamentou o novo conflito em Guaíra e disse que a situação traz novas preocupações ao Sistema Faep, “por conta da insegurança jurídica enfrentada pelos produtores rurais” da região.
A Federação convocou, mais uma vez, o governo federal para adotar medidas para solucionar os problemas e pediu auxílio aos deputados federais, à Frente Parlamentar da Agropecuária e à Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Há cerca de um mês, na cidade de Terra Roxa, que também enfrenta uma onda de invasões de áreas e fica a menos de 30 quilômetros de Guaíra, um grupo abordou e agrediu policiais da Força Nacional de Segurança que estão na região de conflitos desde o início do ano.
Os índios chegaram a roubar um fuzil do policial. A arma foi localizada horas depois. Nesta mesma região, a Itaipu Binacional articula a compra de 1,5 mil hectares, o equivalente (15 quilômetros quadrados), para destinação aos indígenas para o que a direção da hidrelétrica chama de “pagamento de dívida histórica” da empresa com os indígenas.
Segundo o diretor da margem brasileira da usina, Enio Verri, essas comunidades nunca foram indenizadas pelo perdimento de suas aldeias no momento do enchimento do lago para início das operações da usina em 1982. Produtores que vivem na região desde os anos de 1950 contestam a existência de aldeamentos no entorno.
O processo de negociação da compra pela Itaipu está em estágio avançado e não tem nenhuma relação com os processos de demarcação que tiveram garantia para andamento do processo assegurado pelo STF em abril deste ano. A Força Nacional e a Polícia Federal estão na área de conflito desta manhã, mas ainda não deram detalhes da ocorrência.
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