Lula e Alckmin (no centro) fizeram primeiro aceno público desde o início das negociações para 2022| Foto: Ricardo Stuckert/PT
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez neste na noite deste domingo (19) a sua primeira aparição pública ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) desde o início das negociações para que o ex-tucano seja vice do petista na disputa eleitoral de 2022. O encontro ocorreu em um restaurante de luxo em São Paulo durante um jantar promovido por advogados contrários à Lava Jato.

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Durante o seu discurso, Lula agradeceu a presença de Alckmin e falou que o momento do Brasil exige a união de antigos adversários. O petista enfrentou Alckmin nas eleições presidenciais 2006, em uma campanha marcada por diversos embates entre os dois.

"O grave momento do Brasil não dá a nenhum de nós o direito de desistir. Não é tarefa para uma pessoa só. Não importa se fomos adversários, se trocamos algumas botinadas, se dissemos o que não deveríamos. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora. Estamos unidos pela fé na democracia e perseverança de construir um Brasil melhor", disse Lula.

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Questionado sobre a viabilidade da composição com Alckmin, Lula afirmou que a decisão será do PT e do futuro partido do ex-governador. Alckmin deixou o PSDB na semana passada e vem negociando com o PSB e com o PSD.

"Tenho que respeitar o Alckmin. Ele deixou o PSDB. Ainda não tem partido filiado. Quem vai dizer se a gente pode se juntar ou não é o meu partido e o partido dele. Temos que ter paciência", completou o petista.

Durante o evento, Alckmin desconversou sobre qual será o seu futuro político e quando pretende bater o martelo sobre qual partido irá se filiar. No entanto, afirmou que o momento é de "união" e de debater "afinidades".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Além de Lula e Alckmin, evento contou com lideranças de diversos partidos

Além de Lula, o evento contou com a presença de diversas lideranças do PT – como a presidente nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e os governadores Rui Costa (Bahia) e Wellington Dias (Piauí). Já entre os nomes do PSB, estiveram presentes o prefeito do Recife, João Campos, o deputado Marcelo Freixo, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, e o presidente do partido, Carlos Siqueira.

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Também na disputa pela filiação de Alckmin, o presidente do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab, esteve entre os presentes do jantar. Kassab já recebeu sinalizações do PT de que Lula não se importaria em ter Alckmin no PSD. A estratégia visa a neutralizar a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pelo PSD em 2022, além de garantir mais tempo de propaganda no rádio e na TV para Lula.

Integrantes da cúpula da CPI da Covid, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Omar Aziz (PSD-AM) também marcaram presença no evento. O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SD), e o presidente do MDB, Baleia Rossi, completaram a lista de convidados.

Advogados cobraram R$ 500 por ingresso do jantar 

O encontro em São Paulo foi organizado pelo Prerrogativas, um grupo de advogados críticos da força-tarefa da Lava Jato. O ingresso para o jantar custou R$ 500 e, segundo os organizadores, foram arrecadados R$ 300 mil, que serão destinados para a aquisição de cestas básicas em parceria com a Coalizão Negra por Direitos.

Ainda no jantar, Lula recebeu o troféu "perseverança", concedido pelo Prerrogativas, e um quadro de Cândido Portinari, entregue pelas mãos do deputado Marcelo Freixo e do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Um dos anfitriões do evento, o advogado Alberto Toron afirmou que Lula foi "um homem que, dentro do cárcere, respeitou as regras do jogo democrático e do jogo do direito".

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Coordenador do grupo, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, aproveitou o evento para fazer críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Nossa irrestrita solidariedade com quase 620 mil famílias brasileiras que choram hoje a morte de um ente querido. Mais de 600 mil ausências sofridas, mais de 600 mil histórias interrompidas por ações e omissões criminosas desse governo genocida que nos envergonha diante do Brasil e do mundo", disse.

Além disso, Carvalho afirmou que não se pode ''esquecer" aqueles que afirmaram que seria uma "escolha difícil" entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT), na disputa pelo segundo turno em 2018. "Não podemos nos esquecer daqueles que em 2018 acharam que a escolha era difícil. São responsáveis diretos e [têm] as mãos sujas de sangue. O grupo Prerrogativas, entretanto, nunca se escondeu na conveniência do silêncio", completou.