Governo e empresas trabalham para garantir o funcionamento da internet durante a pandemia do coronavírus.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
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O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) criou um comitê para analisar e definir medidas para preservar a integridade do setor de comunicação durante a crise do coronavírus. O objetivo é garantir o acesso à internet em tempos de possível congestionamento da web devido ao alto consumo de dados porque grande parte dos brasileiros está em isolamento domiciliar. Empresas do setor também já estão adotando medidas para evitar que esse problema venha a ocorrer.

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O engenheiro de telecomunicações Julian Portillo, pesquisador do Centro Mackenzie, reconhece que existe a possibilidade de que haja problemas na internet devido ao aumento do acesso nas residências.

"Há uma diferenciação que as operadoras fazem para o ambiente corporativo e residencial. O corporativo normalmente tem uma banda de internet maior, com mais proteção para que não sofra um colapso e não tenha perda de performance. Mas a [estrutura] residencial não tem essa mesma proteção", afirma Portillo.

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O que o governo está fazendo

A “Rede Conectada MCTIC – Telecom”, nome dado à iniciativa do governo federal para garantir a integridade da internet no Brasil, é formada por representantes do ministério e empresas de telecomunicação. O comitê vai se reunir por videoconferência a cada 15 dias. A primeira reunião aconteceu no dia 20.

Além de medidas para preservar a integridade das redes das operadoras de serviços de telecomunicações e radiodifusão e a continuidade dos serviços com qualidade adequada, o comitê tem como objetivo permitir o acesso dos usuários a serviços de streaming como Netflix e Amazon Prime, por exemplo.

No mesmo dia em que o comitê se reuniu pela primeira vez, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicou um “compromisso público” com as empresas do setor para manter os brasileiros conectados.

As seguintes companhias assinaram o compromisso: Anatel, Associação Brasileira de Operadores de Telecomunicações e Provedores de Internet (Abramulti), Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Neo, Associação Brasileira das Prestadoras de Serviço de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia (Sinditelebrasil) e as operadoras de telefonia Algar, Claro, Nextel, Oi, Sercomtel, Telefônica e Tim.

Para Julian Portillo, o trabalho em conjunto das maiores operadoras do país com o comitê pode ser uma forma de evitar que serviço de internet se deteriore durante o período de isolamento social.

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Serviços de streaming reduzem resolução para “economizar” dados

O uso de serviços de streaming – como Netflix, Amazon Prime e Globoplay – bem como as redes sociais, consomem grande parte dos dados (só o streaming gasta cerca de 62%). Para evitar que o consumo em excesso acabe prejudicando a internet da população, a qualidade de vídeo foi diminuída por alguns deles.

A Globo anunciou que não reproduzirá mais vídeos em 4K (1.080 pixels) e Full HD em suas plataformas, como o Globoplay. Enquanto durar a crise a emissora deve reproduzir imagens em HD (720 pixels). O YouTube também baixou a qualidade de transmissão. Medida semelhante já foi adotada em países da Europa: tanto o Youtube quanto a Netflix diminuíram a qualidade de transmissão.

"Quanto maior a qualidade nos serviços de streaming, maior a sobrecarga nos servidores das próprias empresas ou dos seus data centers, onde a estrutura está ‘guardada’ para poder prover o serviço. Quando a qualidade baixa, diminui o risco de colapso no servidor e não sobrecarrega a infraestrutura das redes de telecomunicações, porque cada assinante vai precisar de menos banda – ou seja, menos tráfego será ocupado com essa informação. Então, [a redução da resolução do streaming] ajuda", diz Portillo.

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Como garantir o funcionamento da internet

Na terça-feira (24), o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, apresentou ofício ao Comitê de Crise do Coronavírus solicitando o reconhecimento dos serviços de comunicações e postais como atividades essenciais e com livre acesso – ou seja, o reconhecimento de que são serviços que não podem parar.

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“A população já está enfrentando um momento de turbulência muito grande e não podemos deixar que os serviços essenciais, como correios e telecomunicações, por exemplo, sejam paralisados. As infraestruturas de conectividade e radiodifusão são ferramentas essenciais de divulgação e comunicação”, disse o ministro Marcos Pontes, segundo publicação do MCTIC.

Ainda de acordo com o ministério, nessa lista de serviços essenciais estão incluídos os serviços dos Correios, serviços de comunicações (incluindo telecomunicações, radiodifusão sonora e de sons e imagens), bem como os relacionados a tecnologia da informação e de processamento de dados.

O ministério também trata como essencial o trabalho de agentes terceirizados que trabalham nos serviços de tecnologia da informação e comunicações – tais como call centers, data centers, e empresas de implantação, operação e manutenção de redes de comunicação.

Da parte das operadoras, “o foco são as equipes de operação e manutenção”, ressalta o engenheiro. A fórmula usada no momento é a manutenção preventiva e corretiva de forma correta e rápida.

Serviços de saúde e de segurança terão prioridade

Segundo a Anatel, as prestadoras de serviços de telecomunicações devem atender de forma prioritária os órgãos que prestam serviços de utilidade pública, como estabelecimentos de saúde.

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Ficou determinado, que o Ministério da Saúde pode dispor do tridígito 196, para ações de atendimento que envolvam a pandemia do novo coronavírus.

Quem faz parte do comitê da internet

Participam da “Rede Conectada MCTIC – Telecom”: o ministro Marcos Pontes; o secretário-executivo, Julio Semeghini; o secretário de Telecomunicações do MCTIC, Vitor Menezes; o secretário de Radiodifusão, Elifas Chaves; e representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), da Telebras e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa.

As diretrizes do comitê serão dadas pelo MCTIC à Anatel. As teles também poderão ser chamadas para reuniões, mas não terão direito a voto. As decisões serão por maioria simples e, se houver divergência, valerá o voto do coordenador do comitê – Pontes ou Semeghini.

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