A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quinta (14), um mandado de busca e apreensão no Distrito Federal contra um suspeito de envolvimento no esquema de invasão da conta nas redes sociais da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, na última segunda (11).
Ao todo, foram cumpridos dois mandados no DF expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, e são um complemento à operação deflagrada na terça (12) que cumpriu outros quatro em Minas Gerais. Segundo a PF, as ações são para "avançar nas investigações voltadas a apurar a materialidade e a autoria dos crimes praticados".
O alvo da operação desta quinta (14) é um adolescente de 17 anos que mora em Sobradinho, uma das regiões administrativas do DF, que teria assumido a investigadores a autoria da invasão junto de outro jovem de Minas Gerais, alvo da operação de terça (12), segundo apuração da GloboNews. O pai do adolescente, em Santa Maria (DF), também foi alvo da operação. A Gazeta do Povo procurou a PF, que não confirmou a informação.
Durante o depoimento, que é mantido em sigilo, o adolescente teria confirmado à Polícia Federal que foi o autor da invasão da conta da primeira-dama, informou a GloboNews. A oitiva foi realizada nesta quinta (14). A PF segue investigando o caso.
"Durante as apurações ficou constatado que os possíveis envolvidos também tinham perfis e postagens na plataforma Discord, participando de grupos que trocavam mensagens de caráter misógino e extremista", afirmou a PF.
A operação de terça (12) cumpriu mandados em quatro endereços de Minas Gerais, com a apreensão de computadores e celulares. Um suspeito foi ouvido pela PF e liberado, mas a apuração aponta que ele negou participação.
Segundo a PF, os alvos podem ser indiciados nos crimes de difamação e invasão de dispositivo informático.
A conta de Janja na rede social X está congelada desde a noite de segunda (14) e ainda não foi restabelecida.
Conteúdos extremistas
As informações divulgadas pela PF nesta quinta (14) confirmam a suspeita que havia sobre os invasores da conta de Janja, de que tinham ligação com um grupo que divulga conteúdos extremistas nas redes sociais.
Apurações do jornal O Globo e do site Metrópoles apontam que o alvo da PF em Minas Gerais possuía um perfil verificado no YouTube, Deezer e Facebook com o nome "Maníaco", com foco na produção musical que atraiu aproximadamente 4,4 mil ouvintes mensais e apresentou quatro álbuns no Spotify.
As letras das músicas do suspeito tinham cunho antissemita, racista e misógino, revelando um conteúdo que contraria as políticas de plataformas de streaming. Um dos álbuns, intitulado "O Sul é meu país", apoia a tese separatista dos estados da Região Sul, enquanto uma canção chamada "Ariano" defende a pureza da raça ariana, associada às ideias nazistas de Adolf Hitler.
As produções também incluíam músicas que promovem a violência de gênero com visões extremas sobre o papel da mulher.
O Spotify, após ser contatado pelo jornal O Globo, tomou medidas removendo o perfil da plataforma. Em resposta, a empresa afirmou que suas regras proíbem conteúdos que promovam "extremismo violento", "incitem violência ou ódio" com base no sexo.
Contudo, a empresa ressaltou que o contexto é considerado na análise, e conteúdos que não incitem claramente violência ou ódio podem permanecer na plataforma.
Como foi a invasão
Na noite de segunda-feira (11), a conta da primeira-dama no X foi invadida e publicou conteúdos fora do comum por cerca de uma hora, com postagens de cunho machista e ofensivo contra ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entre outros. A Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre o incidente.
Na mesma noite, a Polícia Federal passou a investigar o caso e a Advocacia-Geral da União (AGU) determinou ao X o congelamento da conta e a exclusão de todos os conteúdos.
Entre outras declarações, o invasor postou uma mensagem que dizia "Super Xandão presidente do Brasil em 2026" e "O Alexandre de Moraes é bandido e logo vai sofrer impeachment. Nada que ele faça vai impedir a gente de falar a verdade, enquanto tenho tempo falarei mais e mais".
Janja também foi marcada em algumas mensagens, inclusive em um comunicado oficial do invasor. Em resposta, ela afirmou estar habituada a ataques online, descrevendo o episódio como um exemplo dos desafios enfrentados por muitas mulheres diariamente na internet.
A primeira-dama lamentou a necessidade de se acostumar com situações tão absurdas, ressaltando a dualidade da internet como um espaço tanto positivo quanto negativo.
O hacker publicou 44 postagens durante o ataque, atingindo a audiência significativa de 1,2 milhão de seguidores de Janja no X. Em um áudio compartilhado, ele manifestou ciência da investigação da PF, minimizando qualquer possível responsabilização, criticando o sistema judiciário e qualificando as leis do país como frágeis.
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