Deputado Zeca do PT, do MS, criticou a invasão de indígenas a uma fazenda de correligionário petista no estado.| Foto: MST-MS/divulgação
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) repudiou nesta segunda-feira (13) a condenação que o deputado estadual do Mato Grosso do Sul Zeca do PT fez à invasão de uma fazenda que pertence a um membro do diretório local do PT.

Na semana passada, as terras do petista José Raul das Neves Junior, no município de Rio Brilhante, foram tomadas por indígenas da etnia Guarani-Kaiowá. Zeca do PT, que já foi governador do Mato Grosso do Sul, classificou a ocupação da propriedade como uma “barbaridade”, ao discursar na Assembleia Legislativa do estado, na quinta-feira (9).

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Na declaração, Zeca do PT se solidariza pelo “amigo” correligionário e diz que “é uma vergonha” a invasão a uma propriedade produtiva. “Não contem comigo essa gente que, sem nenhuma razão, ocupa e invade propriedades produtivas, gerando insegurança jurídica e correndo riscos de uma consequência que a gente não tem dimensão do que pode acontecer”, disse (veja na íntegra).

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A fazenda de Neves Junior está localizada em uma área em processo de demarcação da Terra Indígena Nhanderu Laranjeira, mas a presença do povo da etnia foi contestada pelo deputado. Zeca do PT ainda colocou sobre os ombros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a condenação pela invasão à propriedade.

“O presidente Lula, preocupado com isso, tem manifestado [que] não concorda com isso. [Ele] quer fazer assentamento, mas comprando propriedade, e não ocupando propriedades produtivas como tem acontecido”, afirmou. Lula não se manifestou sobre a afirmação do correligionário.

A nota publicada pelo MST nesta segunda afirma que o movimento se solidariza e apoia os indígenas e que repudia “quaisquer tentativas de criminalização de movimentos de retomada de territórios Indígenas” (veja na íntegra).

As invasões de terras produtivas aceleraram neste começo de governo Lula. Um dos casos mais recentes foi a invasão de três propriedades produtivas da Suzano no Sul da Bahia, que foi minimizada pelo governo.

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Petistas também criticam fala do deputado

O diretório municipal do PT de Dourados (MS) também criticou a fala do correligionário, dizendo que “incita e ajuda a aumentar violentos discursos de ódio contra os povos indígenas na luta pela retomada dos territórios tradicionais”.

“A postura de Zeca ‘do PT’, tão bem votado pelos povos indígenas do MS, causa tristeza e revolta porque acreditávamos ter nele confiança, apoio e respeito pela nossa luta”, disse a setorial indígena do diretório do partido (veja na íntegra).

Eloy Terena, secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas, lamentou a declaração do deputado, e disse pelas redes sociais que a demarcação da terra indígena Laranjeira Nhanderu “possui estudo antropológico e é espaço essencial para sobrevivência física e cultural dos Guarani-Kaiowá”.

A direção nacional do PT não se pronunciou sobre as falas do deputado.