General Gonçalves Dias tinha conhecimento de planos para invadir Palácio do Planalto, mas ignorou alertas da Abin.| Foto: reprodução/GSI
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O ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gonçalves Dias, foi flagrado em uma troca de mensagens que contradiz as alegações de desconhecimento sobre os riscos de invasão ao Palácio do Planalto durante os atos de 8 de janeiro, segundo reportagem do portal Metrópoles. Mensagens obtidas pelo órgão de imprensa revelam que o general não apenas tinha ciência das ameaças, mas também alertou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre os atos violentos no dia 6 de janeiro, dois dias antes dos atos de vandalismo.

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Gonçalves Dias foi flagrado circulando entre os manifestantes que invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro sem repreendê-los. Ele foi exonerado após as gravações das imagens do circuito interno de segurança serem vazadas à imprensa.

Dois dias antes da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, o próprio general enviou uma mensagem via celular ao então diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, alertando sobre os atos. As ações incluíam acampamentos nas cidades, fechamento dos prédios em Brasília e mobilização de pessoas armadas.

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“Mensagem postada em grupos patriotas. Vamos atuar em 3 frentes. 1ª frente: acampar em frente às distribuidoras nas cidades (não tem combustível, ninguém trabalha). 2ª frente: fechar a entrada dos 3 Poderes em Brasília: Executivo, Legislativo e Judiciário (quem puder ir para Brasília, vá!). 3ª frente: quem estiver em lugares afastados, fiquem nos quartéis”, dizia uma das mensagens que circulavam em grupos de aplicativos.

A mensagem ainda fazia referência aos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores), indicando a possibilidade de participação armada. “CACs, vocês foram convocados para darem suporte aos que estão nas refinarias, distribuidoras e em frente aos Três Poderes”, relatou outra que pedia, ainda, a redistribuição em outros grupos.

Apesar de ter enviado a primeira mensagem ao então diretor da Abin, Dias ignorou outros 11 alertas posteriores enviados pela agência sobre a crescente ameaça e mobilização das manifestações.

Em 6 de janeiro, à noite, um relatório alertou sobre a possibilidade de invasões e a intenção de manifestantes armados de atacar o Congresso Nacional e outros prédios na Esplanada dos Ministérios. Segundo a apuração, Gonçalves Dias já havia deixado de responder às mensagens de Cunha, ignorando também o relatório do dia 7 que apontava a chegada de 80 ônibus com 2,5 mil pessoas a Brasília para a mobilização denominada “Tomada de Poder”.

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Apenas dois dias depois do primeiro alerta é que Gonçalves Dias voltou a se comunicar com Saulo Moura já na manhã do dia 8, em que reconheceu a gravidade da situação após o alerta de que “quase 100 ônibus” estavam chegando a Brasília.

“Vamos ter problemas”, disse às 8h56.

No dia das invasões, apenas o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) estava em prontidão, apesar do Plano Escudo, protocolo de defesa do Palácio do Planalto, prever a ação conjunta das tropas de choque do BGP, Batalhão de Polícia do Exército e Regimento de Cavalarias de Guardas do Exército – e não ser acionado por Gonçalves Dias.

A troca de mensagens também expõe a tentativa de Dias de remover seu nome da lista de autoridades que receberam os relatórios da Abin. Em um diálogo com Saulo Moura, ele expressou preocupação de que a conexão com os relatórios se tornasse pública, pedindo para que fosse retirado da lista.

“Será que meu nome pode ser retirado daquela relação?”, perguntou sendo respondido logo depois pelo ex-diretor da Abin de que a lista era apenas para conhecimento do chefe do GSI, que expressou preocupação se ela se tornasse pública. A relação seria entregue para o senador Espiridião Amin (PP-SC).

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Segundo o Metrópoles, Dias perguntou se mais alguém sabia da existência da lista, o que foi negado por Saulo Moura. O general pediu mais uma vez para ter seu nome retirado, o que foi atendido prontamente.

“Claro. O senhor não era parte da operação”, disse o ex-Abin. Gonçalves Dias finalizou: “me mande outra… lacrada [para enviar ao Senado]”.

As revelações das mensagens colocam Dias em uma posição de atuação ativa na preparação e acompanhamento dos eventos de 8 de Janeiro, contradizendo sua alegação anterior de falta de conhecimento. Esse novo conjunto de evidências levanta questionamentos sobre sua conduta durante os acontecimentos e sua responsabilidade na segurança do Palácio do Planalto naquela ocasião.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]