A Itaipu Binacional e a Petrobras destinaram juntas R$ 33,5 milhões para o Janjapalooza, como ficou conhecido informalmente o Aliança Global Festival, e outros eventos que ocorrem durante o fórum do G20.
O evento, idealizado pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, reunirá 30 atrações com nomes de expressão nacional como os de Alceu Valença, Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Fafá de Belém e Zeca Pagodinho. Todos os artistas do festival vão receber um "cachê simbólico" de R$ 30 mil, de acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Cultura, parceiro na organização do evento. Sendo assim, no total, serão pagos R$ 900 mil somente em cachês.
A Itaipu Binacional é responsável pelo patrocínio de R$ 15 milhões para a realização do Festival, da Cúpula Social e de eventos paralelos de encerramento do G20. A decisão que autorizou o patrocínio foi divulgada junto da lista de patrocínios concedidos em outubro. Diferente da maioria dos demais patrocínios da lista, que tem valores de no máximo R$ 100 mil, a decisão que autorizou o patrocínio partiu de uma Resolução da Diretoria Executiva.
Entre 2005 e 2020, Janja trabalhou na Itaipu como assistente do então diretor-geral, Jorge Samek. Atualmente, a Itaipu é comandada pelo petista, ex-deputado federal pelo Paraná, Enio Verri.
Já a Petrobras informou à Gazeta do Povo que firmou um Acordo de Cooperação de R$ 18,5 milhões relacionado ao Festival, a Cúpula de Líderes, a Cúpula Social e encontros e eventos paralelos ao G20. “A participação no Acordo de Cooperação Internacional se deu por afinidades entre a companhia e temas centrais tratados no G20, como a construção de um planeta mais sustentável, por meio de desenvolvimentos econômico, social e ambiental. A Petrobras entende que essa iniciativa se alinha ao posicionamento de uma empresa líder na transição energética justa”, afirma a nota enviada à reportagem.
Outras empresas públicas ou estatais também estão na lista de apoiadores do Janjapalooza, que acontecerá no Rio de Janeiro entre os dias 14 e 16 de novembro.
Apesar de constar na lista de apoiadores do festival, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) afirmou que não houve investimento em patrocínio. "O Serpro é um parceiro do Itamaraty e do Governo Federal para a realização do G20 no Brasil. Para essa iniciativa específica, o Serpro participou com um papel consultivo em relação à infraestrutura de conectividade para o Aliança Global", afirmou a estatal.
A Gazeta do Povo tentou contato com o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa, mas não obteve retorno sobre a forma de apoio ou os valores destinados ao evento até o fechamento desta matéria. O Ministério da Cultura também foi questionado pela reportagem sobre os apoios, mas não deu retorno.
O "Janjapalooza" contará com acesso gratuito e será realizado na Praça Mauá, na Zona Portuária da capital fluminense com “importantes artistas do Brasil para promover engajamento e discussão sobre a principal marca da presidência brasileira do G20”, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Segundo o governo federal, o festival foi inspirado em concertos internacionais como o Live Aid 1985 e o Free Nelson Mandela Concert 1988, ambos realizados na Inglaterra.
Deputados querem que TCU investigue Janjapalooza
Os deputados Sanderson (PL-RS) e Gustavo Gayer (PL-GO) enviaram pedidos de investigação ao presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, para verificar a legalidade dos gastos públicos com o Aliança Global Festival, o “Janjapalooza”.
Para o deputado Sanderson, não é factível que, diante de uma crise econômica que assola o país, exigindo, inclusive, corte de gastos e adoção de medidas de austeridade fiscal, que haja um dispêndio de recursos públicos em quantias vultosas para pagamento de cachês a artistas. "Fato viola o princípio da legalidade, eficiência e moralidade pública", apontou Sanderson.
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