Jair Bolsonaro concluiu seu primeiro semestre na Presidência da República. Nestes meses iniciais de gestão, não foram só questões estruturais – como a reforma da Previdência – que dominaram o noticiário sobre as ações do governo.
Em entrevistas ou no meio de comunicação preferido do presidente, o Twitter, alguns temas curiosos se mostraram preocupações relevantes para o governo. Alguns até já se traduziram em medidas implementadas.
Confira sete temas dessa agenda:
1. O fim da tomada de três pinos, a 'tomada do PT'
O secretário especial de Produtividade e Competitividade, Carlos da Costa, sinalizou, em entrevista, que revogar o uso obrigatório da tomada de três pinos é uma das medidas que vêm sendo gestadas no governo. "A sociedade brasileira, com toda legitimidade, rejeitou a tomada de três pinos", disse o secretário em conversa com o jornal Valor Econômico.
Chamado nos corredores de Brasília de "tomada do PT", o padrão deixaria de ser de uso compulsório. Para isso, o governo estuda a criação de uma nova tomada ou apenas a flexibilização dos tipos já existentes. A obrigatoriedade da tomada de três pinos passou a valer em 2011.
Outra mudança de padrão também parece estar na mira da gestão Bolsonaro: o acordo ortográfico, em vigor há uma década. O assunto apareceu meses atrás em um post de Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais. O mesmo post, aliás, em que Martins ressaltou que "temos que nos livrar da tomada de três pinos". Na publicação ele também incluiu na lista as urnas eletrônicas.
2. O fim do horário de verão
O fim do horário de verão já passou de um desejo do presidente para a realidade. Em abril, Bolsonaro extinguiu o horário, que estava em vigor ininterruptamente havia 35 anos, por meio de um decreto. Além da economia mais limitada de energia – resultado, entre outras coisas, da mudança de hábitos da população –, uma das justificativas foi que a mudança no horário “altera o relógio biológico da população”.
3. Comércio exterior: preocupação com abacates e bananas
Pelo menos duas frutas estiveram entre as preocupações de Bolsonaro no primeiro semestre. Em maio, o presidente foi à sua conta no Twitter para comemorar a abertura do mercado argentino para a comercialização do abacate produzido no Brasil. “A primeira carga chegou em 30/04/19 e estão a caminho mais duas”, dizia o post.
As bananas estão sendo alvo de uma guerra comercial. Em live transmitida pelo Facebook, Bolsonaro disse que iria acabar com o “fantasma” da importação da fruta, que prejudicaria produtores nacionais – em especial os do Vale do Ribeira, região onde o presidente passou a infância. Para isso, o governo revogou uma portaria que incentivava a importação de bananas do Equador. A questão das bananas foi mencionada em pelo menos mais duas transmissões ao vivo do presidente.
4. Leis de trânsito mais brandas: 'Impossível viajar sem multa'
O presidente também desencadeou uma cruzada contra radares e lombadas eletrônicas. “É impossível viajar sem uma multa”, reclamou Bolsonaro em uma de suas lives. Para ele, a fiscalização teria caráter mais arrecadatório do que educativo. Em março, o governo chegou a cancelar a instalação de radares em rodovias federais, mas a Justiça barrou a determinação.
Medidas relacionadas ao trânsito também incluem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o processo para ter direito a dirigir. Em junho, Bolsonaro foi até o Congresso Nacional para entregar um projeto que aumentava de 20 para 40 pontos, em um ano, o limite para a perda da CNH.
A proposta também inclui alterações em outros pontos do Código Brasileiro de Trânsito, como o fim da exigência de exame toxicológico para motoristas profissionais e a redução da punição para quem andar com crianças fora da cadeirinha.
5. Fim de reserva ambiental em Angra, a 'Cancún brasileira'
Bolsonaro também propôs mudar regras ambientais em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele tem casa no município e lá chegou a ser multado pelo Ibama por pesca irregular – sanção revogada no início do ano, depois que ele assumiu a Presidência.
Em maio, o presidente falou em transformar a região de Angra, que hoje abriga a estação ecológica de Tamoios, em uma “Cancún brasileira”.
"Nós queremos abrir aquela região para que a iniciativa privada desenvolva o turismo lá. O que precisaria fazer? A primeira é revogar o decreto que demarcou a estação ecológica. Isso não tem problema nenhum. Na hora certa, tendo o sinal verde dos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo, vamos fazer isso aí", afirmou Bolsonaro, à época.
6. Dinheiro: novas cédulas e uma nova moeda, o Peso Real
Duas propostas do presidente trariam repercussões importantes no cotidiano dos brasileiros. A primeira seria a troca de todas as notas de R$ 50 e R$ 100, em um prazo de um ano, sob a justificativa de que as pessoas que têm dinheiro guardado colocariam o recurso “para rodar”. No início de junho, matéria da Gazeta do Povo mostrou que a troca custaria mais de R$ 700 milhões aos cofres públicos.
A gestão de Bolsonaro também estuda, em conjunto com o governo argentino, uma unificação de moedas. A ideia seria utilizar uma moeda única no Mercosul, que se chamaria Peso Real, a exemplo do que já acontece na União Europeia. "Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também", afirmou o presidente, em visita ao país vizinho.
7. Fórmula 1 no Rio, em disputa contra Doria
Após reunião com o diretor executivo da Fórmula 1, Chase Casey, Bolsonaro afirmou que há 99% de chances do Rio de Janeiro ser a nova sede da corrida a partir de 2021. Para isso, um novo autódromo seria construído na região de Deodoro, na capital fluminense. Até 2020, a empresa que gere o campeonato tem contrato para realizar o grande prêmio em São Paulo.
O caso gerou atritos entre o presidente e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Na mesma semana, Doria desmentiu Bolsonaro e disse que não há definição a respeito do futuro do grande prêmio brasileiro a partir de 2021.
"Vão lá visitar Deodoro e ver se há condições de você, nesse prazo, fazer qualquer coisa ali. Vocês não vão conseguir chegar, não tem estrada para chegar lá. Só a cavalo", comentou Doria.
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